que ficara órfã com um ano e meio de idade. Meu pai ficou órfão
aos dez anos. Por ser eu do sexo feminino era, a orfandade de
minha mãe, a que me causava mais dó. O que me dava um certo consolo, era saber, que no caso deles, foram os pais e não as mães,
que os deixaram órfãos. Eram assim, meus sentimentos com relação à morte dos pais de crianças. Eu tinha muito medo de ficar sem minha mãe. Com relação a meu pai, nunca pensava na morte dele, quando eu era criança.
Assim, em pequena, eu não gostava nada de ouvir mamãe anunciando que iria passar uns dias no Sítio Jordão, em Baturité(Baturité, fica a 100 quilômetros de Fortaleza).
Sentia-se cansada,creio, cuidando de seis fílhos e, portanto, precisava de uns dias de "férias". Ia tranquila, suponho, por saber que ficaríamos bem, aos cuidados de nossa avó materna, que morava conosco. Uma semana, parecia uma eternidade....
O Sítio Jordão pertencia aos tios da mamãe. Suas primas, Maria Tereza e Ursulina Furtado Bezerra, profundamente católicas,
Cortador de hóstia. A massa, já prensada e seca, era colocada na
superfície, abaixo da peça de ferro. Rodava-se a manivela e as
hóstias iam caindo na gaveta.
Contava os dias, para o regresso de minha mãe. Além da alegria em tê-la de volta, sabia que ela traria, dentro daquela linda lata de "biscoitos pilar", muitos retalhos das hóstias que as primas faziam no Sítio Jordão ( que ficava a quatro quilômetros da cidade de Baturité). Naquele tempo, final da década de 1940, eu ainda não fizera a 1ª Comunhão. Assim, eu poderia mastigar à vontade o que sobrava das hóstias: retalhos cheios de círculos vazados. Os círculos, ficavam no Jordão, para serem consagrados, segundo a Fé da Igreja Católica.
A lata, com os retalhos de hóstias, era a primeira coisa que mamãe me dava, depois de doce beijo e amoroso abraço.
Dentro de minutos, o presente, vindo do Jordão, estava totalmente colado no céu da minha boca....e eu, plenamente feliz!
Mamãe voltara!!!!!!
Muito em breve, estarei de volta...........um abraço!
Estimada Lúcia:
ResponderExcluirMinha estimada prima e amiga, parabéns por seu maravilhoso blog que, além de resgatar parte da história de Fortaleza, é de uma sensibilidade ímpar.
Um forte abraço,
Daniel Caetano
Palavras como as suas, primo Daniel, é que me sensibilizam e me encorajam a prosseguir trilhando essa seara tão rica e tão nossa.
ResponderExcluirObrigada,
Fraterno abraço,
Lúcia
Muitas vezes, Lúcia, vi a minha mãe chorando e dizia-se triste por não saber se veria nós, eu e minhas irmãs, crescerem. Batia um tremendo medo de ver a minha mãe morrer. Graças as forças naturais, ainda continua viva. Beijos
ResponderExcluirQuando a minha se foi, em 1981, eu já convivia melhor com as perdas. Em 2008,quando ela faria 100 anos, fizemos uma grande festa de recordações.
ResponderExcluirQue as forças naturais mantenha a sua mãe, junto à famíla, por muitos anos, Antônio.
Beijos!
Lúciamiga
ResponderExcluirO prometido é devido; já cá estou. Essa saudade de tua Mãe é um hino de Amor que perdura e perdurará. Penso que todos os filhos bons a sentem, mas a vida é uma roda que não pára. E o calendário também não.
Mas, permite-me que introduza aqui uma quadrinha de brincadeira, para amenizar o assunto:
Ó minha Mãe, minha Mãe
ó minha Mãe, minha amada
quem tem uma Mãe tem tudo
quem não tem Mãe... é «órfao» rsrsrs
Oxalá este momice te ajude a seguir em frente. Estou certo que já o fazes...
Qjs
Faço sim, oh Ferreira!
ResponderExcluirConto o passado, com pés e cabeça firmes no
presente. Da Cadeirinha, me propus a contar
histórias domésticas,com os valores que elas têem!
Obrigada, por ter vindo tão de pronto e,
claro, pela mimosa quadrinha.
Beijos!
Lucia...Con todo mi cariño muchas gracias por
ResponderExcluirLa visita, es un placer que te guste mi
Poesía escribo con el alma
Recibe mi abrazo
Feliz semana
Besos
Marina
Marina,a sua poesia é das mais belas que
ResponderExcluirencontrei, exatamente porque alí está a sua
alma que comunga as de seus inúmeros leitores.
Carinhoso abraço
Beijo, amiga
Lucia
interesant
ResponderExcluirObrigada,taio, por sua sutil
ResponderExcluire interessante visita...rsrs
Um abraço,
Lucia
quanto quer por eesse cortador de hostia dou 100 reais email:pedrohsq@uol.com
ResponderExcluirMesmo que multiplique, por 10 mil reais...
ResponderExcluirnão vendo. É meu guardador de guardanapos,
Virou peça invendável...Vibrante. Lamento!
Que recordação mais doce. O meu pai nunca foi muito presente na minha vida e também senti a minha mãe como essencial. Ainda não consigo pensar no dia em que ela não estará mais entre nós.
ResponderExcluirContinuarei a visitar os seus posts antigos, na medida do meu limitadíssimo tempo.
Beijinho, querida Lúcia
Ruthia d'O Berço do Mundo
Oi Ruthia, só agora vi seu comentário. Não sou avisada dos comentários muito posteriores às postagens.
ResponderExcluirEsse período da minha infância, eu considero o mais longo da minha vida e o mais cheio de fatos importantes, para narrar. Tenho lembranças muito doces, felizes e bem nítidas. Perder pai e mãe deve ser impensável!
Beijos!