Esta mecha de cabelo, que virou um "cacho" com o decorrer do tempo,
foi cortado por volta de 1943. Era costume, então, guardar-se uma
mecha do primeiro corte . Minha mãe guardou o meu, que é esse
da foto.. Eu, que sou uma "preservadora" do passado, ainda o
tenho comigo.Curioso costume, não? (Imagem: Lúcia Paiva).
No último mês de maio, dia 18, fiz uma postagem com um título imenso. Esse, que aí está, abaixo:
ALFAZEMA, no PORTA-INCENSO, perfumando:
MANDRIÕES, CUEIROS, MANTAS, CAMISINHAS de PAGÃO...
...e o aroma no ar !!!
Naquela postagem, eu já insinuava que o povo cearense tinha, de acordo com o meu pouco conhecimento e a minha memória, alguns costumes bem arraigados, herdados de nossos colonizadores, os portugueses, do povo africano, que veio "de roldão", para cá, e do nosso indígena, nativo, os verdadeiros DONOS, DA TERRA...
O porta-incenso, que pertenceu às minhas avoengas, e
que minha mãe usou, para "incensar" os enxovais dos
seus seis filhos. Hoje, ele está em "meu acervo" de
relíquias da família. (Imagem: Lúcia Paiva)
Tenho imenso prazer quando trago, à tona, os costumes que absorvemos, no decorrer da vida, não importa de qual desses três povos citados. Estão todos eles tão intrinsecamente ligados, que não sabemos definir , muitas vezes, de onde veio determinada "herança cultural" : se do índio, do português ou do negro africano...
Aquele costume, de "passar" todo o enxoval de cada filho que nascia, pelo incenso de alfazema, mesmo sem eu ter visto, por ter sido a última filha a nascer, para mim é inesquecível, porquanto, todo o ritual que foi feito quando do meu nascimento, me foi passado, pelos meus pais...anos depois. O porta-incenso, permaneceu na família, como se fora para "confirmar" mais essa parte, da história familiar.
Um outro costume, que havia lá em casa (como em inúmeras outras, bem sei!), era quando uma mãe resolvia cortar, pela 1ª vez, o cabelo de sua criança, especialmente quando se tratasse de uma menina. Acontecia algo semelhante ao que ocorria quando da extração de um "dente de leite". Na minha época de criança, o dente era tirado "amadoristicamente", ou seja, "na marra", "à força"...era um ato "violento"(?),.. enfim... Naquela época, não se levava uma criança ao dentista, que eu me lembre, para esse tipo de procedimento odontológico. O processo de extração, de um dentinho de leite, era "executado" em casa mesmo, ao menos na minha casa e na casa de minhas amiguinhas do bairro...
Depois que o dente de leite estava solto, na mão, sem nenhum sinal de higiene , banhado de um "líquido púrpuro", seguia-se um ritual inesquecível: mirando para cima de sua própria casa, a criança arremessava o branco dentinho de leite, com a maior força que podesse ter, para alcançar o telhado, proferindo, ato contínuo, o ingênuo e "esperançoso" versinho que se segue:
"Mourão, Mourão,
toma este meu dente,
e me dá um são"!
(obs.: nunca soube, quem era esse "Mourão " ! )
Eu procedia assim, a "mando" de minha mãe, depois de um sofrimento atroz, ao arrancar o meu dentinho de leite. Analiso hoje, a cena que antecedia o arremessar do dente e vejo que, amarrar com linha de costura um dente de leite para ser extraido, de um só puxão... era uma "tortura" bastante "inocente"...ai, ai, ai, ai, ai ...!
Porém, creio que as mães não o faziam por mal, era "costume"... As mães, certamente, "ignoravam" outra alternativa para tirar o dente de leite, que "amolecia" na boca...
...................
Agora sim, vou contar sobre o 1º corte do meu liso, louro e pouquíssimo cabelinho "virgem"...
É, esse cachinho da foto, é meu..Não sei se sabem, mas mesmo que um cabelo seja liso, como era o meu, depois de cortado e bem amarrado (como fazia minha mãe), com o passar do tempo, a mecha vai ficando cacheada, como se crespo fosse o cabelo...
Esta foto é de 1943 . Aí, o pouco cabelo, fino e
liso, já está cortadinho. Eu chorara tanto que
minha mãe me entregou sua bolsinha de
moedas, para eu ser "retratada", no
estúdio, sem choro...
(Obs.: a minha foto, está precisando ser restaurada..)
Minha mãe guardou sempre o cachinho de meu cabelo, enquanto viveu. Então, não seria eu a jogá-lo fora! Passou, portanto, a ser mais uma "relíquia" que vem me reportando à primeiríssima infância, como tantas outras saudosas lembranças...estúdio, sem choro...
(Obs.: a minha foto, está precisando ser restaurada..)
Agora, os costumes são bem outros... Mas, convenhamos, guardar um punhado do primeiro cabelo cortado, bem amarradinho, virando um cacho, e se tornando uma "relíquia"..."só doida", viu?...que nem mamãe e tantas outras mães,"corujas"...
...Como a DONA MAZÉ !!!
CONFESSO: no "diário do bebê" do meu único filho, há uma
página - "cabelinho do bebê" - onde colei uma mecha, amarrada, do primeiro corte de seu cabelo. Era liso e claro, como o meu,
vindo a se tornar um "cachinho", também...
Como os tempos eram outros, o álbum, todo ele uma relíquia, contém quase todas as informações de seu primeiro ano de vida.Guardo-o,carinhosamente, como qualquer outra "mãe coruja"...
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HAJA CURTIÇÃO MATERNAL !!!
TODAS AS MÃES, SÃO "DOIDAS"... por seus filhos!!!
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Obrigada, amigos! Estou indo.............mas volto! Um abraço!