sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

NO FINAL DA RUA DA CACHORRA MAGRA....

 JUNTO AO SÍTIO DA TIA  LUIZINHA,
 HAVIA UMA LAGOA...
Esta, é a Lagoa do Tauape, onde a menina Luma e suas irmãs 
brincavam, quando iam visitar a querida tia Luizinha. Do lado direito,
da foto,acima dessa ribanceira, ficava o enorme sítio, tendo bem à
frente, um belíssimo casarão...(Foto: Arquivo Nirez).
 
A LAGOA DO TAUAPE
(CONTO MEMORIALISTA, DE LÚCIA PAIVA)

De primeiro, lá para as bandas da Cachorra Magra, havia uma lagoa: a Lagoa do Tauape. Uma menina, chamada Luma, saía com seu pai e suas duas irmãs, todos os sábados, cedinho da manhã, para visitar a velha e querida tia Luizinha, que morava, com seu filho Mário, em um enorme sítio, bem juntinho da lagoa. Era como se a lagoa, fosse o jardim do casarão do sítio.

As três meninas, deixavam o pai a conversar com a tia  e corriam, em direção à beira da lagoa para, só depois, mergulharem na doce água morna.. Alí ficavam, uma hora ou pouco mais, retornado, em seguida, ao aprazível sítio. Era quando o primo Mário lhes oferecia variados tipos mangas: manga rosa, tamaracá, jasmim, coité...e, até, a miúda manguita, conhecida também por carlotinha...tão pequena e tão doce, quanto a infância...

Ao fim da visita semanal, à idosa tia,  já por volta das 10 horas da manhã, pai e filhas retornavam à sua casa, distante dalí uns dois quilômetros... mais ou menos...
Nesta foto panorâmica do bairro Benfica, em Fortaleza, vê-se o Estádio 
Presidente Vargas,conhecido por PV, cuja rua que vemos ao lado esquerdo 
 é a Rua Marechal Deodoro,antiga Rua da Cachorra Magra. O sítio, ficava 
depois do PV, onde se avistam árvores, no alto dessa foto. Mais à frente,
a avenida transversal é a 13 de Maio, onde está a edificação da Escola
 Técnica Federal de Ceará (SEFETE) ... (Foto: Arquivo Nirez).

Seguiam, então, pela Rua Marechal Deodoro, antiga Cachora Magra, atravessavam a Av. 13 de Maio e, mais adiante, no sentido centro, dobravam  na  Travesa Iguatu, ainda no bairro Benfica, quase em frente à belíssima e centenária Chácara Flora.
(ABRINDO UM PARÊNTESE...
A Chácara Flora (foto atual) era centenária e foi demolida 
no dia 30-12-11, causando grande revolta nos fortalezenses
que amam a sua cidade e querem preservar seu patrimônio
arquitetônico. Esta edificação situava-se na Rua Marechal 
Deodoro, antiga Rua da Cachorra Magra, próximo à Avenida 
13 de maio, quase chegando à antiga Travessa Iguatu, hoje 
Rua Padre Miguelino(Foto: blog Monumento, Arquitetura e Arte)
A chácara do Sítio da tia Luizinha, como essa e tantas
outras do aprazível bairro Benfica, também foi demolida,
com essa mesma"crueldade"...aplicada à Chácara Flora...
(Como "doem", na alma, esses "crimes" ,contra o patrimônio
histórico e arquitetônico da minha, da nossa, Fortaleza Amada...)
...FECHANDO O PARÊNTESE).
Luma, as suas duas irmãs e seu pai seguiam, o caminho de casa, pelas ruas Senador Pompeu, Barão do Rio Branco, Major Facundo, Floriano Peixoto e Assunção. A casa deles ficava (ainda fica) à Rua Saldanha Marinho, quase  na esquina com a Rua Solon Pinheiro, já no Bairro de Fátima.

No caminho de volta à casa, era muito comum encontrarem figuras "pitorescas" que, há muito tempo, faziam parte do cenário da cidade. Eram os vendedores ambulantes, com seus "ingênuos" pregões....
Alí estava, a Tereza, com sua enorme bacia de alumínio, carregada de "puxa-puxa" a dizer... quase cantando: "Olha o puxa-puxa da Tereza, quem quiser que se habilite!".
Com a bacia de alumínio, apoiada na murada de alguma casa, num movimento de vai-e-vem, com ambas as mãos, a Tereza ia dizendo o seu famoso pregão. Quando chegava um "freguês", interessado no puxa-puxa, ela pegava uma tesoura e cortava um pedaço, do tamanho costumeiro...delícia pura!!!

Alguns quarteirões depois, já se ouvia o tilintar de um  triângulo, tocado pelo vendedor de "chegadinha":
- "Pega, pega as chegadinhas, um punhado de conchinhas"... parecia dizer o som, da batida do triângulo...
O menino tocador, trazia um enorme cone de zinco, à tira-colo, sobre um dos ombros e ficava, assim, com as duas mãos livres para bater o pedacinho de ferro no anunciador triângulo musical...
Para quem não conhece a "Chegadinha", ela é um tipo de biscoito muito fino, na forma de uma concha, do tamanho de uma mão. Feita com trigo, manteiga, açucar... que "cola" no céu-da-boca, como uma "hóstia consagrada". É diferente do puxa-puxa, que é feito de melado de cana e "prega" nos dentes, como um "quebra-queixo". No entanto, ambos são doces e bonitos, como a infância: o puxa-puxa é claro, como o marfim, a chegadinha, é morena, como a rapadura...


Mais adiante, no caminho para casa, o pai e as três meninas, se deparavam com o "homenzinho" da cruzeta, que dizia, em sua cantilena: "Cruzeeeta, na hora...cruzeeeta, na hora... cruzeeeta, na hora...", sem parar...! Para quem não sabe o que é uma cruzeta, eu digo: é uma pequena cruz de madeira, com um gancho no alto, que se usa para pendurar roupa. Hoje, a cruzeta é chamada de cabide, pelo cearense. Com o passar do tempo, muitas palavras e expressões regionalistas, se "perderam"...


Os quatro andarilhos, em "marcha lenta", chegavam em casa por volta das onze horas, com o sol quase a pino, a bronzear a pele, tornando-a bem trigueira...


À noite, após o jantar, sempre ao toque da "ave maria", Luma e as irmãs iam juntar-se às amigas do quarteirão onde moravam, para as brincadeiras de roda, na calçada. Enquanto cantavam a ciranda, o atirei o pau no gato,  a senhora dona cândida e tantas outras cantigas de roda, passava, diariamente, o vendedor de "doce gelado" que, também, tinha o seu pregão:- "Doce gelado, sapoti, maracujá, namorei uma morena na Meton de Alencar, eu queria casar com ela, e ela não queria não, porque eu era um sorveteiro e ela chofer de fogão...doooce gelado..."...  


Essas lembranças, são tão fortes, para Luma, que hoje, professora da rede pública de ensino, resolveu participar de um concurso de poesia, inscrevendo um poema seu, onde relata essas "passagens" de sua infância...compartilhando esses momentos tão gostosos, como o puxa-puxa da Tereza, a chegadinha, o doce gelado, as mangas da tia Luizinha, o banho na Lagoa do Tauape...enfim...


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NOTAS:
1- A expressão "De primeiro", usado no iníco do texto, ao qual chamei de Conto Memorialista, é tipicamente "cearense". A "inspiração"veio  do romance "Dona Guidinha do Poço", de Manuel de Oliveira Paiva(1861-1892) cujo início é: - De primeiro, havia na ribeira do Curimataú, afluente do Jaguaribe, uma fazenda chamada Poço da Moita...(...);

2- A tia Luizinha, do conto, A Lagoa do Tauape, é Luiza de Oliveira Paiva, irmã de minha avó paterna, Rosa de Oliveira Paiva e do escritor Manuel de Oliveira Paiva (romancista, contista, poeta...);


3- Nesta postagem, condensei o conto, A Lagoa do Tauape, por ser muito extenso. No conto original, consta a poesia "Furto d'alma", que foi publicado na postagem do dia 13-04-11, aqui, na Cadeirinha de Arruar.

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Eu vou mas volto.......................Um abraço!




quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

DUAS RELÍQUIAS,"nascidas" em 1908....em FORTALEZA!

ESTA FOTO & A CAIXINHA COBIÇADA...
Praça General Tibúrcio, vendo-se, ao lado direito, o Hotel Brasil.
Ao fundo, a Igreja de Nossa Senhora do Rosário. 
Foto de 1908 - Arquivo Nirez.
No site em que encontrei esta foto ( www.skyscrapercity.com) estava escrito, logo abaixo, o seguinte texto:

Esta foto foi encontrada num encarte contendo diversas fotos, oriundas do Arquivo Nirez, de igrejas antigas de Fortaleza. Nesta aparece um bonde, possivelmente de uma das linhas de então, Outeiro (que posteriormente parou a denominar-se Aldeota), Praia de Iracema ou Prainha, que um dos consultores (gente da velha geração) afirmou ser Prainha-Seminário (o que faz sentido, pois o ponto final ficava próximo do Seminário, na Prainha). Dr. Zenildo Almada acha que não houve linha com essa denominação. A rua era a então Coronel Bizerril, hoje General Bizerril. A praça ao lado, chama-se General Tibúrcio, mais conhecida por Praça dos Leões, devido a existência de duas belas esculturas encimando a escadaria de acesso da ou para Rua Sena Madureira. A Igreja de Nossa Senhora do Rosário, inaugurada no século XVIII, é considerada a igreja mais antiga de Fortaleza. A foto data de 1908. A edificação grande, ainda existente, era do então Hotel Brasil. A parede ao lado da palmeira é dos fundos da antiga Assembléia Legislativa. Entre o Hotel e a Assembléia divisa-se a Travessa Morada Nova, onde posteriormente, passaram a trafegar os bondes das citadas linhas. Na época iam até mais adiante, ingressando na Rua Guilherme Rocha, parando ao lado da "Rotisserrie", acho que aí se achava o Palácio Brasil, entrando depois na Rua Floriano Peixoto, rumo aos seus destinos (Adolpho Quixadá).
Fotos atuais, da Praça General Tibúrcio, ou Praça dos Leões:
Escadarias que levam à Praça General Tibúrcio, ou Praça dos Leões. 
no  centro de Fortaleza...(Foto: Panoramio)
Monumento, com estátua do General Tibúrcio, na
praça de mesmo nome, conhecida como Praça dos Leões.
Ao fundo, à esquerda do monumento, um "pedacinho" (visor,
em círculo, da Igreja do Rosário. (Foto: Panoramio)
Igreja de Nossa Senhora do Rosário, na Praça 
General Tibúrcio,(mais conhecida, em Fortaleza,
como Praça dos Leões (Foto: Panorâmio)
Para embelezar, ainda mais, a Praça dos Leões, em 2005, uma estátua
da escritora cearense Raquel de Queiroz (1910-2003) veio
"sentar-se" em um dos bancos do aprazível logradouro público.
Obs.:1- a praça, é realmente linda mas, no entanto, os vândalos,
"os sem educação", já arrancaram os óculos da estátua, além
de "pixarem" os monumentos que compõem o grande espaço.
2- Raquel de Queiroz, estudou no Colégio da Imaculada
Conceição, tendo sido contemporânea de minha mãe, que
nos falava , com "santo orgulho", desse "pormenor"...
(Foto: google)

A CAIXINHA COBIÇADA ... 
Esta caixinha mede 17 x 10 cm, com 7cm de altura. Segundo
disse minha mãe,ela foi feita por seu pai, no ano de 1908, 
messes depois de ela ter nascido. Nos "escaninhos", deveriam
ser guardadas as pequenas jóias: medalhas, cordões, anéis e
 brincos de ouro que a menina Mazé vinha recebendo, da 
família e dos amigos. Costume, na época...
(Foto: Lúcia Paiva)
A caixinha de jóias, é extremamente simples. Meu avô, João Batista
Bezerra de Menezes, era Guarda-Mór da Alfândega mas, contava-se
em família, gostava de marcenaria, tendo feito alguns móveis que
ainda existem, como um belo guarda-roupa e uma grande mesa de
jantar que hoje estão, cada peça, em casa de minhas duas irmãs.
A mana Zélia, ficou com a grande mesa, cujas pernas, são lindas.
Já a mana Margarida, transformou o belo guarda-roupas, em
uma cristaleira, trocando parte das portas por vidro transparente
bisotado... (Foto: Lúcia Paiva) 
A caixinha de jóias, por ter sido "cobiçada", por mim, coube-me como
 herança, tornado-se uma relíquia de valor inestimável...
Quando criança, minha mãe permitia que eu guardasse nela, meus 
carimbos, com figuras de bichinhos, para pintar. Dá para se notar, nos 
escaninhos, a mancha de tinta roxa que eu usava na almofada...
A minha caixinha tem 104 anos...tão" idosa" e tão querida!!!
(Foto: Lúcia Paiva))
Para mim, duas preciosidades, mais que centenárias: a  FOTO ANTIGA, da minha Fortaleza, e a CAIXINHA COBIÇADA, da minha MÃE....Sinto-me, imensamente RICA...tendo-as, em meu acervo...


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Agora, estou indo............mas volto. Um abraço!

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

MOMENTOS IMPORTANTES...


Presente, o "CORAÇÃO DE JESUS"! (Momento III)
Uma vela acesa, em óleo (o crisma) simbolizando o Sacramento
da Crisma (unção). (Imagem: google)
Sendo eu de uma família extremamente católica, ansiava, profundamente, em receber os chamados "sacramentos de iniciação cristã". Esse sentimento, era muito natural. Para mim, seriam dias festivos. Só não tive essa "consciência", antes do Batismo... Com menos de 1 mês de idade, recebí  esse 1º sacramento; aos 9 anos , a Eucaristia e, ainda aos 9 anos, a Crisma, que segundo a liturgia católica, é a "confirmação do Batismo"... 
Fui crismada no ano seguinte ao  da minha 1ª Eucaristia. Era, portanto, o ano 1952.
A igreja, foi a mesma: o "CORAÇÃO DE JESUS"... Ainda era a construção original, a do século XIX.  Nesse mesmo ano começaria a remodelação de sua torre, que com o grande peso causaria seu desmoronamento em 1957, como vimos na postagem do último dia três...
Igreja do "Coração de Jesus, quando desmoronou,
em 1957, devido ao grande peso do sino, relógio e
imagem na torre frontal, refeita aos antes, sobre uma
estrutura  muito antiga....(Foto: Arquivo Nirez)

Do dia da minha Crisma, lembro-me bem da figura do Arcebispo de Fortaleza, Dom Antônio de Almeida Lustosa(1886-1974) que, naquela época era apelidado de "envelope aéreo" tal era a sua figura esbelta, longilínea...leve...  
Dom Lustosa, Arcebispo de Fortaleza, de cujas mãos recibi a Crisma .
À frente da sacada onde se encontra Dom Lustosa, vê-se a antiga Catedral de
Fortaleza(Sé) que, em 1938 foi  totalmente  destruida na gestão, pelo então
Arcebispo de Fortaleza, Dom Manoel da Silva Gomes.
(Foto: Wikipédia)
Primeira Catedral ( Sé) de Fortaleza, demolida em 1938, para
a construção de outra, no mesmo terreno. A construção da nova
e atual Catedral teve início em 1939 e só foi concluida  em 1978,
tendo  sido a sua inauguração em 1979...(Foto: Arquivo Nirez).
Catedral (Sé) de Fortaleza, cuja construção passou
40 anos para ser concluida, no mesmo lugar da
anterior.  (Foto: google).
Lembro-me muito bem de minha madrinha Rosita Paiva (1909  - 1991). Era sobrinha de meu pai, nunca a tinha visto e nunca mais a vi, depois do tão esperado dia de minha Crisma. Creio que meu pai a convidou, para ser minha madrinha, na "esperança" de que eu me tornasse  freira, sendo ela integrante da Congregação do Instituto Josefino,como Irmã Rosita, que fora idealizada por Monsenhor Luis de Carvalho Rocha.(Site do Instituto Josefino: www.institutojosefino.org.br.)  
Monsenhor Lui Rocha  (1886-1949), 
idealizador do Instituto Josefino ...
(Foto: site do Instituto Josefino)
Irmã Rosita (Rosita Paiva- 1909-1991)
OBS:  esta  é a "imagem" que guardo, na
memória, de minha madrinha e prima Rosita.
(Foto: site do Instituto Josefino)
Esta foto, de Rosita Paiva, "descobri" há poucos
dias, quando localizei o site do Instituto Josefino.
Só então, tomei conhecimento de seu trabalho
social, como Irmã Superiora , na instituição.
Minha curiosidade, em pesquisar a vida de minha madrinha de Crisma, se deu quando, lendo o jornal Diário do Nordeste, do dia 1º de maio de 2011, me deparei com uma matéria, no caderno de notícias internacionais, sobre o processo de beatificação de três religiosos que  viveram no Ceará, cujo título era:
Religiosos têm longo caminho até aos altares
Esta imagem ,foi publicada no jornal Diário do Nordeste.
Nela estão: Dom Antônio de Almeida Lustosa, Padre Ibiapina
e Irmã Rosita . A matéria - Religiosos têm longo caminho até
os altares - se inicia assim:  Processo de beatificação de Padre Ibiapina,
Dom Lustosa e Irmã Rosita estão em andamento há décadas.
 (Fonte: jornal Diário do Nordeste de 01-05-2011).
Quando pensei em relatar esses "Momentos", I, II e III, foi realmente por tê-los  considerado importantes, pela cerimônia que encerravam e pela coincidência  de, todos os três Momentos, estarem ligados à presença, simbólica, do "CORAÇÃO de JESUS"... No entanto, na busca de mais "detalhes",descobri que dois "personagens", que estiveram presentes no dia de minha Crisma, são "candidatos a santo"...como foi visto, acima. Então,
considerei interessante, acrescentar esse fato.

Para finalizar, trago a imagem do atual Santuário do Sagrado Coração de Jesus, em sua TERCEIRA VERSÃO arquitetônica, que poderá ser comparada, com as duas anteriores, numa sequência ...
regressiva...
Igreja do Sagrado Coração de Jesus (hoje Santuário) em sua 3ª e
última "versão" arquitetônica (atual). (Foto:google).
Igreja do Sagrado Coração de Jesus , em sua 
2ª "versão" (Foto: Arquivo Nirez)
Esta é 1ª "versão" da Igreja do Coração de Jesus, para
mim, é a mais bonita, a mais singela das três...
São tantos, os momentos importantes por que passamos. Escolhi esses três, que tiveram como figura "ilustrativa" o "Coração de Jesus". No entanto, quero ressaltar que, ao trazer a questão das modificações na arquitetura das igrejas e também a questão da "santidade", proposta em aberturas de processos, para a  Irmã Rosita e  Dom Lustosa, além do Padre Ibiapina, foi com o intuito de fazer uma crítica ao Vaticano, que representa a Igreja Católica... 

Uma igreja não deve ser derrubada, para se construir outra igreja, em seu lugar, com suntuosidade, nem se precisa dizer que uma pessoa "deva" ser denominada santa...além de outras inúmeras questões, que agora não vem ao caso...
O povo do século XXI, creio, já não deveria permitir mais tantos descalabros, cometidos em nome da igreja.Há muito desperdício de dinheiro, que poderia ser empregado adequada e honestamente, em obras sociais..., para os que se encontram, comprovadamente, em extrema miséria. Tornou-se atitude banal, as oficializações de "Santidade",....pelo Vaticano...




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Já vou, mas eu volto..................................Um abraço!


terça-feira, 3 de janeiro de 2012

MOMENTOS IMPORTANTES...

Presente, o "CORAÇÃO DE JESUS" ! (Momento II)

Frontispício na fachada do Prédio Vicentino - fotografado em
02-01-2012  (Foto: Rodrigo Paiva)
Prédio Vicentino, fotografado em 02-01-2012...
(Foto: Rodrigo Paiva)
Prédio Vicentino em foto bem antiga, provavelmente década
de 1920. A fachada sofreu poucas alterações. Neste prédio,
funcionava uma sala de aula, localizada no espaço logo atrás
às três janelas à direita. Aí, iniciei meus estudos na escola primária.
Daí, avistava a Igreja do Coração de Jesus e o Parque da Liberdade.
Na igreja, ia para rezar, assistir às liturgias, ao parque ia para o lazer infantil...


Em 1945, quando eu já mostrava, com os dedinhos, meus 3 anos de idade, mudamo-nos da Rua J. da Penha, no antigo bairro do Outeiro, onde a nossa família sempre residiu, em Fortaleza, para a Rua Barão de Aratanha, no centro da cidade,  para uma casa bem próxima à Igreja do Sagrado Coração de Jesus.  
Essa igreja ainda era conhecida, na época, como a Igreja dos Albano. É que o Barão de Aratanha - José Francisco da Silva Albano - foi um rico comerciante que muito contribuiu para a construção do templo, inclusive na doação do terreno. Daí a homenagem na nomeação da rua que tem seu início junto à igreja, na parte de trás, se prolongando, em linha reta, por vários quilômetros, no sentido cidade>sertão....


Meus primeiros "ensaios", em escola, se deu no Prédio Vicentino. Da lateral direita da igreja, referida acima, se tem esta mesma visão da edificação dos vicentinos. Este prédio foi construido  na 2ª década do século XX, 1912, há cem anos, portanto, para abrigar a SSVP (Sociedade São Vicente de Paulo), da qual, desde jovem, meu pai fazia parte, na qualidade de Confrade Vicentino. A SSVP  mantinha uma escolinha primária, que acolhia, para os estudos primários, filhos de confrades. Alí estudei os três primeiros anos do então "curso primário". Alí também frequentei  o "catecismo" da igreja vizinha, com a professora  Jarina, que  preparou, a mim e às coleguinhas da escola, para a 1ª Eucaristia. Minha professora primária, chamava-se Miriam ,a quem eu achava meiga e bonita...
A construção da Igreja do Sagrado Coração de Jesus é mais antiga que
a do Prédio Vicentino. Foi inaugurada ainda no século XIX, no ano de
1886.  Essa foto é de 1892. (Imagem: Arquivo Nirez).
Nesta foto aérea, a igreja que aparece em 1º plano é do "Coração de Jesus". À frente
dela vê-se o Parque da Liberdade, hoje Cidade da Criança.  A igreja que se avista em
2º plano é a de Nossa Senhora do Carmo. Ambas ficam na Av. Duque de Caxias, antigo
Boulevard Duque de Caxias, distantes três quarteirões uma da outra. (Foto: Arquivo Nirez)
Quando recebi minha primeira comunhão nessa igreja , em  23 de Dezembro de 
 1951, ela ainda mantinha essa aparência de sua construção original, de 1886.
Esta foto é do início da década de 1950.(Imagem: Arquivo Nirez).

Minha Primeira Comunhão, antecedeu ao Natal de 1951.Vivi   quase toda a infância nesse delicioso bairro central de Fortaleza.
A igreja que eu frequentava com a família, a escola onde eu estudava e o parque, onde eu brincava, se encontravam  muito próximos à casa onde eu morava. Tenho, por essas imagens, um terno carinho de saudades.... Muito foi transformado, na paisagem real, mas permaneceu a bela imagem antiga, na minha memória e nas fotos registradas  e arquivadas, em grande acervo, pelo formidável historiador e pesquisador Miguel Angelo de Azevedo Nirez. 

Depois que me transferi da escola do Prédio Vicentino para outra escola, continuei a frequentá-lo, esporadicamente, pelo fato de ser meu pai um atuante Confrade Vicentino, nas obras alí empreendidas, em prol dos pobres que dependiam da caridade  da SSVP. Durante muitos anos meu pai permaneceu trablhando naquele prédio, a organizar os seus arquivos, a  sua biblioteca e noutras atividades, próprias daquela obra social. 

No ano seguinte à minha 1ª Comunhão, ou seja, em 1952, os frades franciscanos que dirigiam a Igreja do Coração de Jesus, resolveram modificar a sua bela torre , tornado-a retangular, onde instalaram, sobre ela, um  imenso relógio e novos sinos, bem mais pesados que os sinos originais.
A torre da igreja foi modificada  depois de 1952. Aquela bela torre, em forma de flexa,
apontando o "céu", foi substituida por uma torre retangular, com uma imagem de Jesus, 
no alto, medindo 3 metros de altura. A imagem, antes, ficava acima do pórtico central. 
A estrutura original não suportou o grande peso....provocando o desmoronamento...
( Fonte e Imagem: Arquivo Nirez)

Eram 13:20 min. da tarde do dia 13 de abril do ano de 1957. Meu pai encontrava-se trabalhando no Prédio Vicentino. De repente, ele ouviu um imenso barulho, semelhante a trovão, conforme nos contou, ao chegar em em nossa casa, naquele fatídico dia...
Relatou-nos que, ao chegar à janela, viu  a sua querida igreja indo abaixo, desmoronando grande parte de sua construção, como se fora  num terremoto...No entanto, ficou de pé a parte de trás da igreja. O Altar Mor, com uma bela imagem do Sagrado Coração de Jesus, nada sofreu...apenas a poeira, como um véu, encobria o que restou...
Ninguém saiu ferido, os que lá estavam encontravam-se  na  chamada Sacristia,  que nas igrejas antigas, eram sempre instalada atrás do Altar Mor....
Assim ficou, a Igreja do Sagrado Coração de Jesus, naquela tarde
de 1957...Eu vi estes escombros, algumas horas depois....


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NOTAS:
1- Na próxima postagem, teremos o Momento III, desta série, mostrando o "destino" do " CORAÇÃO DE JESUS" (igreja), em sua
3ª versão arquitetônica;

2- No blog Fortaleza em Fotos e Fatos,  há excelente postagem, datada de 24/11/2011 - Igreja dos Albanos. (Igreja do Coração de Jesus) - que me serviu de fonte, para algumas datas;


3- Neste blog, Da Cadeirinha de Arruar, nas datas 27/0211 e 03/03/11, estão as postagens Família Albano e Paiva (UNIDAS MISTICAMENTE) I e II, onde eu narro de que forma se deu a UNIÃO dessas duas famílias, em Fortaleza.

  
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Já estou indo, mas  eu volto...... Um abraço!