domingo, 30 de outubro de 2011

NO QUINTAL, UM PÉ DE LARANJA DA TERRA...

NA COMPOTEIRA, A DELÍCIA ACRIDOCE!!!
Compoteira que  pertenceu à avozinha Rosa. Hoje, pertence
à minha irmã mais velha, Zélia Maria, que a mantém como
relíquia de família. Tem mais de 100 anos...
(Foto: Lúcia Paiva)
Já disse aqui, onde tenho revelado vivências minhas do passado, principalmente da infância, que uma de minhas avós, vivia em nossa casa. A outra avó, a paterna, chamada Rosa, morava com a sua única filha, solteira, em uma casa um pouco distante da nossa. De vez em quando, íamos, os netos, visitá-la. Sempre acompanhados por nosso pai.
A casa da avozinha, como a chamávamos, era bem simple, de beira-e-bica, situada à Rua Pinto Madeira, em Fortaleza, próxima à antiga Praça do Colégio onde, mais de meio século antes, existiu o Sítio de Dona Mariquinha, minha bisavó, mãe da avozinha Rosa...Sítio de que  tratei aqui em postagem do dia 23 de agosto último...
Tudo mudou! Quem vivera em um grande sítio arborizado, quando criança, agora tinha apenas um Pé de Laranja da Terra, no quintal de sua casa... 
Ontem, indo à casa de minha irmã Zélia, fitei, por alguns minutos, uma compoteira transparente (não sei se é de cristal) que a mana conserva em um guarda-louças, na sala de jantar. É a mesma compoteira que eu via, quando menina, na casa da avozinha.Para a Zélia, que "herdou" a linda louça, agora é  uma relíquia, já não a utiliza para compotas, deixa-a apenas exposta... Mas, na casa da avozinha, havia dentro,sempre, doce de Laranja da Terra, feito por ela. Quando lá íamos, além de nos servir a delícia, tirada da compoteira, ainda trazíamos para casa o doce em compotas,  em potinhos... 
- "Leve este doce pra Mazé "- dizia ela...

Pensando em fazer essa postagem de hoje, a partir dessa saudosa e querida lembrança, pedí a "digital" da mana e fotografei a compoteira para, junto à outras imagens, ilustrar esta página...
Após chegar da casa da Zélia, fui bisbilhotar na internet para complementar a matéria em questão. Não pensei que iria descobrir tanto sobre Laranja da Terra: doces com outros tipos de laranjas, livro sobre compoteira e compotas, receitas, vídeos, flor de laranjeiras, pé de laranjas...e tais...
Assim, selecionei alguns itens para, a seguir, apresentar aos meus leitores amigos:
Com muito cuidado, retirei a compoteira-relíquia
de seu "nicho"  para a mesa de jantar...apenas
para a foto.... ( foto: Lúcia Paiva)...
Fiquei "esperando", a compota de Laranja
da Terra, gostosamente  AGRIDOCE, da
avozinha....(...apenas, na imaginação! )...
A mana , serviu doce de banana prata,
em rodelas...bem vermelhas, como o que
mamãe fazia...muito  gostoso, também...
Procurando imagens de Compoteiras, achei
este maravilhoso livro que foi lançado há
pouco tempo...uma história deliciosa....
Vejam, o blog CAVALEIRO ANDANTE:
http://celsosisto.blogspot.com/
Linda compoteira  francesa.(foto: Mercado Livre)
Compoteiras antigas, em Cristal Bacarat ...
(Foto: Mercado Livre)'

É muito linda, a flor de laranjeira...!
(Foto: google)
Carregadinha, como era o Pé de Laranja da Terra 
da avozinha....(Foto: google)
Parece uma pintura, estas rodelas de Frutas Cítricas...
(Imagem: Wikipédia)
Esta pintura  tão singela (imagem do google) ,tinha que 
compor esta página...até parecem, minha mana Zélia e eu  
a colher Laranjas da Terra  para a avozinha fazer compota....
...porém, esta imagem real (do google) é a que mais se assemelha
ao pé da Laranja da Terra do quintal da avozinha....até os
saquinhos de papel de pão, que ela punha nas laranjas 
"de vez"....ou seja, quase maduras...aí estão...
(Imagem: google)

DOCE DE LARANJA DA TERRA...
UM PERFEITO RITUAL!
Minha gente amiga, encontrei uma infinidade de receitas dessa laranja de casca grossa e de intenso AMARGOR...Porém, resolvi não trazer nenhuma das que li. Prefiro narrar, de memória, o "ritual" que eu presenciava, na casa da avozinha:

Como disse acima, a Laranja da Terra tem uma casca muito grossa e é extremamente amarga. Minha avó ralava a parte amarela , com muito cuidado, para não ferir a polpa. Depois de ralada, cortava a laranja em cruz, mas de forma a não separar as quatro partes, deixando-as ainda juntas nas extremidades. Retirava então toda a polpa da laranja; a casca ficava como uma flor de  4 pétalas. Lavava então muito bem, essas pétalas, e as depositava de molho por uns 7 dias,(esta parte, ela me contava) mudando sempre a água, até que desaparecesse todo o amargor. Durante os dias de molho, a avozinha  raspava as pétalas para tirar o excesso da polpa. Só então, as cascas em pétalas eram fervidas, sendo bem escorrida, depois, toda a água. Era aí que uma calda era feita no fogo (para  a quantidade de laranja  dependia a quantidade de açucar). Quando a calda estivesse fervendo, iam-se mergulhando as pétalas das laranjas, juntamente com alguns cravos da índia e pedaços de pau de canela. Assim, as pétalas das laranjas absorvem a calda, ficando no ponto certo... 
Quando a laranja é bem madura, amarela...o resultado é este....
(foto:google)
....mas se a laranja for de casca verde....fica assim, a compota, bem verdinha...
(Imagem do blog  COISA E TAL.. da Taís....
Bom, para quem não "gosta" de ritual, trouxe um vídeo que mostra como se faz um Doce de Laranja Bicuda ( casca grossa, mas não tão amarga, quanto a da Laranja da Terra), muito prático, bem explicadinho...

Bem mais prático, não precisa deixar de molho....
 No quintal da casa da avozinha não tinha pé de
Laranja Bicuda...(no Ceará,acho, não tem dessa  não...)
Não há problema, gosto de um bom Ritual, na cozinha... 


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Notas:
1- Sinonímia Popular:
Laranja da Terra; Laranja Brava; Laranja Amarga.
(Fonte: Embra-Farma)

2- No próximo sábado, irei  à Feira da Gentilândia, procurar a Laranja da Terra, para o Ritual! Farei uma compota, da  
laranja brava, para matar a vontade, relembrando a infância,   
na casa da avozinha.Saudades, do gostinho acridoce!!! 

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Estou indo.......mas eu volto..............Um abraço!!!







domingo, 23 de outubro de 2011

PAPAI CANTAVA... (VII)

O SONHO DA CRIANCINHA!
Na casa de meus pais, onde passei a minha infância, adolescência e os primeiros anos da juventude, sempre via, nas paredes dos 2 quartos das crianças, gravuras do "anjo-da-guarda" .... Creio que, a maioria dos lares  cristãos, as tinham. Quem nunca rezou à noite, ao seu anjo"protetor" ? ...
"Anjinho-da-guarda
Meu bom protetor
Guardai minha alma
Para Nosso Senhor"
(Esta, era a oração lá de casa...)

Quando pensei na letra da cantiga que publicaria hoje, uma das que meu pai mais cantava, "O Sonho da Criancinha", lembrei-me da figura do anjo-da-guarda: nada mais apropriado...!
Diferente da cantiga da postagem anterior, "A Natureza", que no manuscrito do caderno não constava a sua autoria, nessa letra de hoje consta: é Paulo Barros.
É uma longa e triste poesia...  Descreve a cena entre uma mãe e um filho pequeno. Ele, ao acordar, conta  à sua mãe que sonhara, mas que só contaria, o tal sonho, depois de haver sonhado três vezes, conforme a própria mãe havia aconselhado... Depois do terceiro dia, do mesmo sonho sonhado, ele conta o sonho. Após a narração, sua mãe fica extremamente triste e preocupada: é um sonho de premonição... A "cena" se desenrola, pelos dias e, finalmente, a criança morre. Não aceitando o desenlace, a mãe enlouquece....

Eu gostava de ouvir "O Sonho da Criancinha". Pensava, na minha "ideia" infantil, que se tratava de um "fato real". Apreciava, até o momento anterior à morte da criança. Hoje penso que, lidar com o tema morte, me fortaleceu, para aceitá-la de maneira natural, ao tornar-me adulta. Lembro-me, perfeitamente, de quando morria uma criança, em nosso bairro. Falava-se: -"Morreu um "anjinho" alí, na rua tal, foi a filha da fulana..." Esse tipo de notícia, trazia grande tristeza...mas, com o passar dos anos, a gente, parece, se acostumava...era apenas uma lembrança: na memória, a saudade...

Pois é, essa letra da VII canção que PAPAI CANTAVA, a última dessa série, suscitou em mim essas lembranças da minha infância, na minha rua...no meu quarteirão, no meu bairro, na minha Fortaleza da da segunda metade dos anos 1940, 1950...

Na vida, de todos nós, há momentos alegres e tristes. Para muitos, a alegria está mais presente, para outros, a tristeza é maior. Há quem suporte, e até supere, a tristeza, como há quem não a suporte e enlouqueça...Foi o "destino" dessa mãe da cantiga " O Sonho da Criancinha", que virá publicada adiante...

Essa letra de hoje, a VII da série PAPAI CANTAVA, eu ouvia com muita atenção mas, com profunda tristeza, claro! Não poderia ser de outra forma: era a única canção triste, comparada às outras, cantadas por papai. No entanto, avalio hoje que o "enredo" da cantiga, em sua letra, apresenta um "fato" que poderia, e poderá acontecer. Sou de opinião que o tema "morte" deva ser tratado com naturalidade em família, na escola... Há pessoas que "fogem" desse assunto...
Com isso quero dizer que, para essas pessoas, talvez a letra da cantiga de hoje  não seja agradável....por ser triste, por tratar da morte de uma criancinha, "prevista" no seu sonho, sonhado três vezes...conforme a superstição insinuada...
Quero acrescentar que eu não creio em premonições, nesse "tipo" de sonho...dormindo....eu acredito, isto sim, em sonhos possíveis, "bem acordada"...nos projetos de vida...enquanto há vida a ser vivida...
Quando menina, no entanto, eu "fazia fé", PIAMENTE, em sonhos sonhados dormindo.... 

N O T A S:
1- Pesquisei, em vão, querendo saber quem foi Paulo Barros, nome que aparece como autor de "O Sonho da Criancinha".Quem souber, me informe, ficarei gratíssima;

2- Registro aqui, meus agradecimentos ao amigo Clóvis (Quasímodo), do blog Letras da Torre e à amiga Estela, do blog Guardados e Achados, por seus comentários na postagem anterior, trazendo contributos ao que eu solicitara, nas NOTAS daquela postagem. Tudo que eles trouxeram foi  muito enriquecedor à matéria;

3- Agora, para ilustrar, que tal recordar a infância, com algumas imagens de  crianças, mães  com filho no colo, flor de romã, pé de romã (bonsai), anjos-da guarda...
Imagem :  imagensdecoupage. blogspot.com
Imagem: imagensdecoupage.blogspot.com 
Imagem: imagensdecoupage.blogspot.com
Flor (de romã) : wwwbonsaikai.com.br
Pré-bonsai, idade estimada em 5 anos: wwwbonsaikai.com.br
Imagem  : www.allposters.com.br
Imagem: www.allposters.com.br

 
Imagem: google
Imagem: blog Trapiche dos Outros
(Por  Mário Garcia Paiva)


O SONHO DA CRIANCINHA

Por Paulo Barros

Mamãe eu tenho um segredo
Para lhe contar amanhã
É lindo como são lindos
Os olhos de minha irmã
É belo como a florzinha
Daquele pé de romã

Mamãe eu hoje não digo
Mas eu lhe conto amanhã
Porque a mamãe me disse
Que os sonhos que a gente tem
Para se tornarem verdade
Não se contam a ninguém

Mas eu lhe conto amanhã
Se outra vez eu sonhar
Porque assim são três vezes     (Bis)
Eu posso o sonho contar

Pois dorme meu filho, reza
No peito põe as mãozinhas
Que Deus sorrindo aparece     (Bis)
Nos sonhos das criancinhas

Assim dizia sorrindo
A mãe ao lindo filhinho
Que adormeceu como dorme   (Bis)
Aos pés de Deus um anjinho

Ainda o Sol mal se erguia
Na casa tudo em silêncio
E Henrique já despertando      (Bis)
À mãe acordou assim:

Mamãe mamãe dê-me água
Que sede meu Deus que tenho
Mamãe que doce gostoso        (Bis)
Comí no céu d'onde venho

Foi São Miguel que levou-me
Às nuvens feitas de arcanjos
Lá no céu onde os meninos      (Bis)
Voavam porque eram anjos

Mamãe que rosas bonitas
Que borboletas que luz
Que beija-flores tão lindos      (Bis)
Mamãe eu disse a Jesús:

-Papai do céu eu não quero
Pra Terra feia mais ir
Ele sorriu e me disse               (Bis)
Vai ver se tua mãe quer vir

Oh! vamos vamos mãezinha
Deus lhe mandou convidar
Aqui a mamãe tem choros       (Bis)
Mas lá não há de chorar

Meu filho meu filho - disse
A aflita mãe soluçando
És anjo vocês têm asas           (Bis)
Tua mãe irá caminhando

Teu sonho é sonho de morte
Vai abraçar tua irmã
Meu filho não sigas hoje         (Bis)
Que eu vou contigo amanhã

No outro dia a criança
Dormia morta no chão
Qual vela branca apagada       (Bis)
Ao beijo da viração

E a pobre mãe que nem vira
Seu pobre filho morrer
Tornou-se louca correndo       (Bis)
Só para ouví-lo gemer

Coitada, lembra do sonho
Procura o filho no leito
Não o encontra rasga o seio    (Bis)
Querendo abraçá-lo ao peito

E à noite desce aos outeiros
E vem sentar-se na praia
Procurando a criancinha         (Bis)
Na onda quando desmaia...

Pobre mãe não gemas tanto
Que teu filho hás de ver
Amanhã de manhã cedo          (Bis)
Quando o Sol aparecer...

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Estou indo..........mas eu volto........um abraço!!!




















domingo, 16 de outubro de 2011

PAPAI CANTAVA.... ( VI )


A NATUREZA!
ou, O CÉU RECAMA-SE...

Em um dos dois cadernos manuscrito por minha tia-avó Luizinha, doado por ela ao meu pai, encontrei a letra e relembrei da melodia, da cantiga, ou modinha, A NATUREZA...
Na época em que eu era criança, simplesmente a achava bonita,
gostava de ouvir papai a cantá-la. Já não lembrava de seu título, " A Natureza", identificava-a, apenas,  como  "O CÉU RECAMA-SE...", do início da letra...como verão, mais adiante...
Para postá-la hoje, tive dificuldade em localizar a letra. Até porque, não tenho as letras, das mais de160 cantigas, de cor. Lembrava-me que havia, na letra, muitas palavras proparoxítonas, como por exemplo, pérolas, vívidas, tímida, ósculo... 
Por favor, não pensem que hoje vou dar uma  aula de Língua Portuguesa! Não, nem seria capaz! 
O interessante é que hoje, ao "reencontrar" o passado, nessas escritas, que para mim são verdadeiras relíquias, a minha visão é a de uma pesquisadora, ao tentar relacionar as palavras, ao tentar descobrir novas emoções, naqueles momentos idos em que, um homem simples, PAPAI, cantava prazerosamente, em nossa casa, junto à sua família... 
Revendo a letra, de "A Natureza", lembrei-me da música "Construção", de Chico Buarque. Nesta, no final de cada verso,há uma palavra proparoxítona. Dou agora como exemplos, as sete primeiras: última, última, único, tímido, máquina, sólido, mágico...


Bom, creio que é melhor trazer logo o vídeo, do youtube, e se apreciar melhor a canção...para, só depois, então, se identificar as  palavras proparoxítonas, na letra da modinha a ser postada hoje:
o
Quando passei a ouvir essa "imortal" produção do Chico, Construção, um clássico da MPB, fui associando-a à letra de "A Natureza", por nela conter, também, muitas palavras acentuadas na anti-penúltima sílaba...
Uma outra análise, que considero importante, é que, na minha meninice, não lembro de que, se falar da NATUREZA, fosse um assunto tão "sério" e tão "preocupante" como é hoje. O "politicamente correto", fazia parte do nosso cotidiano, era natural, era espontâneo, o  amar e cuidar da natureza...era praxe!
Lembro-me, por exemplo, que o "Dia da Árvore", fazia parte do calendário de todas as escolas, fossem públicas ou privadas, ao  menos aqui, na Fortaleza da minha infância...
Na postagem passada,  foi publicada a letra de "A TAPUYA" e,
para ilustrar a postagem, homenageando o nosso indígena, lancei "mão" do google, trazendo belas imagens. Hoje, farei o mesmo, prestando um tributo à NATUREZA...
"A natureza fez o mapa do Brasil no meio da Amazônia"
(Foto: por Jezaflu - Acre- Brasil)
(Foto: Panoramio)
"Matas da Amazônia"
(Foto: por Jezaflu- Acre- Brasil)
"Onça pintada, Brasil" 
(Foto: Panoramio - por R. Mathias)
"A rainha de todas as flores da Amazônia" ( Vitória Régia)... 
(Foto: por Jezaflu - Acre- Brasil)

"Futas típicas da Amazônia Brasileira"
(Foto: por Jezaflu- Acre- Brasil

NOTAS:
1- Confesso que desconheço o  significado de algumas palavras proparoxítonas que fazem parte da letra  de "A NATUREZA",
como por exemplos, o de róridas , cérolas, presípula... Procurei em vários dicionários, na internet, sem sucesso. Quero crer que o autor, um "ilustre" desconhecido, quis apenas rimar...ou, teve a sua "licença poética" prevalecida...Vá saber!!! Quem souber, me diga!!!

2- Mantive a grafia original, do manuscrito da letra, como as de:
céo, recuão, rasgão-lhe, húmida, subtil, vae... e muitas outras...


3- Foram selecionadas, para essa postagem sobre a natureza, exclusivamente, imagens de intensa beleza, de ambientes, animais, vegetais preservados.... O Mundo sabe, da grande devastação na Região Amazônica. Propositalmente, não quis trazer imagens de "natureza" negativa, mostrando o "feio"; trouxe, as de "natureza" positiva, mostrando apenas o "Belo". Pedagogicamente, por experiência própria, traz melhores resultados. A escola e a família, são as responsáveis, por  meio da Educação, em "trabalhar" o 
Belo, o Bom, o Saudável... na questão Ambiental, na  Preservação de nossa rica e diversificada Natureza...Para uma criança, NÃO se diz :  -" Não seja Má, não pratique o Mal!"... Para uma criança, SE diz:
-" Seja Boa , pratique o Bem!"
Portanto, deixo aqui este...
CONVITE
CUIDEMOS da NATUREZA, iniciando, pelas crianças, na ESCOLA e na FAMÍLIA, uma AÇÃO EDUCATIVA, para 
o  BOM FUTURO DO  PLANETA!!!


Agora, eis aí, a letra da modinha prometida, para hoje, da série... PAPAI CANTAVA... 


A NATUREZA !

O céo recama-se
De nuvens róridas
Formando flóridas
Grato arrebol
Ergue-se esplêndida
Das plagas cérolas
Bebendo as pérolas
Da flôr o sol.

A trevas fúnebres
Recuão pávidas
As luzes ávidas
Rasgão-lhe o véu
Cá fogem  rápidas
As cores lívidas
As outras vívidas
Surgem no céo.

Gorgeião pássaros
No bosque um bífero
Ar odorífero
Derrama a flôr
A brisa em ósculos
Vae doida e húmida
Torna-lhe túmida
Dá-lhe vigor.

O rio sôfrego
Roja-se lépido
Corre além tépido
Sem murmurar
Asa presípula
Suspensa estática
D'ave selvática
Paira no ar.

A terra innunda-se
De luz accéthica
Painel d'esthética
De ouro e d'anil
N'esta hora sente-se
Que em cada músculo
Deita o crepúsculo
Calor subtil.

A onça erguendo-se
Da cova frígida
Sahe c'a mão rígida
Vem sacudir
Pula relâmpago
No solo tórrido
Soltando um hórrido
Lêdo rugir.

O homem em êxtasis
Vate romântico
Soltando um cântico
Manda-os aos céos
O infante em júbilo
Com o peito plácido
Vai além tácido
Murmurar: DEUS!

Fim
(Autor desconhecido)
       
"ARREBOL, na Praça dos Cristais- Brasília
(Foto: por Rubens Craveiro- Panoramio)


....E, para completar, este vídeo, para...M E D I T A Ç Ã O ...


Eu já vou..........mas volto.......Uma abraço!

domingo, 9 de outubro de 2011

PAPAI CANTAVA... ( V )

A TAPUYA... (modinha, em duo)


 Na Fortaleza do final dos anos 1940, 50 e mais, costumava-se chamar de tapuia à menina, moça, ou já mulher, quando se queria xingar, 
 por alguma razão.Tapuia era, como que, sinônimo de feia... Isso, lembro-me, ocorria só entre nós, do sexo feminino. Não sei explicar se era algum "preconceito", para com o índio (no caso, índia), tratando-se, essa etnia, de forma "inferior" à etnia do branco...

Por essa época, já se ouvia meu pai cantar uma bela modinha, que falava da paixão de uma linda tapuia por um branco. Era uma cantiga com letra muito longa, cujo enredo se passava em um cacaual. Quem sabe, no interior da Bahia ? No caderno das  letras manuscritas, não consta o nome do autor, para a tal cantiga...

Antes de apresentar a letra de A Tapuya, na escrita do caderno com y, trouxe uma pequena parte de uma pesquisa que explica a origem do termo tapuia (com i ):

Tapuios
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Tapuia é um termo histórico utilizado ao longo dos séculos no Brasil para designar uma classe de povos indígenas. Originalmente dividia-se os índios brasileiros em dois grandes grupos, os tupi-guaranís (tupinambás) e outro denominado tapuias que habitavam regiões mais interiores. Na época atual associa-se ao tronco linguístico Macro-gê.

Agora sim, olhando para a cópia manuscrita por minha tia-avó Luizinha, vou começar a digitar a letra da 5ª canção, aqui publicada, que PAPAI CANTAVA...Antes, porém, para ilustrar o interessante dueto,entre a linda tapuia e o branco, vejam algumas belas imagens, "salvas" do google...além da imagem de uma "tapuia" que inicia essa postagem, lá no alto...
"Linda tapuia"
                         É na Bahia que se concentra a maior plantação do cacau....       
                                         Olhem só, que beleza, frutos amarelos, como o ouro...
Um cacaueiro carregado de belos frutos vermelhos,em várias
tonalidades. O multicolorido do cacau, vai do verde, passando
pelo amarelo claro, pelo escuro, pelo vermelho claro e escuro....     
A polpa do cacau,  branquinha e gostossa....Imaginar, que ela
é transformada em deliciosos chocolates, dá água na boca...!!!
A disposição das sementes, no cacau partido ao meio, até  
parece um trevo, de "cinco folhas"..rico, portanto ...
Mais uma "linda tapuia", caminhando, aqui, para o coqueiral....
Cacaual, parece, aí não há....por essas bandas...
Não poderia deixar de prestar uma homenagem ao
aos nossos indígenas, tão massacrados e quase 
totalmente dizimados..., pelo branco, chamado...
Este vídeo, conta um pouco dessa história...triste...

OBSERVAÇÃO: na letra da modinha, um dueto, que transcreverei a seguir, será mantida a grafia original,conforme está manuscrito no caderno que pertenceu ao meu pai...


A TAPUYA

I
-Tapuya, linda tapuya
Que fazes no cacaual?
-Por aqui é meu caminho
Para ir ao cafezal.
II
-Nem por aqui faz caminho
Nem há café que apanhar.
Tapuya, linda tapuya
Que vinhas aqui buscar?
III
-Eu ia apanhar goiaba
Para dar a meu irmão.
-Fica na beira do rio
Não é n'esta direção.
IV
-Ando em busca de baunilha
Que minha mãe me pediu.
-Menina no cacaueiro
Nunca baunilha subiu.
V
-Pois então eu vou ao lago
D'onde meu pai há de vir.
-Ao lago por este sítio?
Para que estaes a  mentir?
VI
-Se o branco tanto pergunta
Que já não sei responder.
-Se tu dizeres não queres
O que vinhas aqui fazer.
VII
-Todos os dias te vejo
No meu cacaual andar
Sempre seguindo os meus passos
Sempre comigo a encarar.
VII
-Pergunto para que me queres
E tu a olhar para mim,
Ou para longe te afastas
Sorrindo sempre assim.
IX
-Vem assustar-me as cutias
Pois nenhuma inda avistei
Mas se tornar a seguir-me
A teu pai me queixarei.
X
-Adeus branco vou-me embora
Para não tornar a vir,
Se o Senhor não achou caça
Não fui eu que a fiz fugir.
XI
-Não assusta a minha idade
Que sou bella o branco diz
Mas o que meus olhos dizem
O branco saber não quiz
XII
-Eu sosinha atraz do branco
Pelo cacaual andei
E o branco vem queixar-se
De que a caça lhe assustei.
XIII
-Era a caça quem caçava
Ao cego do caçador
Quem tão pouco ver não sabe
Qual caça tem mais valor.
XIV
-Anda cá linda tapuya
Não vae assim a fugir
Tuas palavras são tão doces
Volve, volve as repetir.
XV
-Para traz não volve a caça
Meu branco aprenda a caçar
Quem deseja caça fina
Deve saber farejar
XVI
Disse a tapuya na selva
Para sempre se ocultou,
Mas o caçador das duzias
Parvo da caça ficou.
(Autor  desconhecido)





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NOTAS:
1- As palavras observadas na letra, com diferentes ortografias, da atual, foram:
tapuya= tapuia; estaes= estais; bella=bela;
quiz=quis; sosinha=sozinha; atraz=atrás;vae=vai.

2- A miscigenação no Brasil deu origem a três tipos fundamentais de mestiços:
caboclo= branco + índio
mulato= negro + branco
cafuzo= índio + negro
(Fonte: Wikipédia)

3--A letra retrata bem a realidade brasileira na
 época da colonização: o branco colonizador, unindo-se à mulher índia,ou à mulher negra (escrava). Aquí, faz-se essa observação, sem entrar no mérito de quem "caçava" a quem, como na letra da da cantiga "A Tapuya"....O que se sabe, com certeza, é que a união de pessoas, de etnias diferentes, propiciou a miscigenação do bravo povo brasileiro... 

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Estou indo,..........mas eu volto...Um abraço!