quarta-feira, 31 de agosto de 2011

PAPAI CANTAVA....

A NAU CATARINETA... (ou CATRINETA)...
José Joaquim de Oliveira Paiva, meu pai, nasceu em
Fortaleza, capital do Ceará,  a 7 de novembro de
1895 e faleceu a 19 de junho de 1977. De profissão
foi Guarda-Livros (hoje Contabilista). Na Fênix 
Caixeiral, instituição em que se graduou, tornou-se
professor de língua francesa e bibliotecário. Na Fênix,
filiou-se ao grupo literáro  Arcádia Fenixta,  que alí
existiu na década de 1920.Foi jornalista, escrevendo 
no jornal "Correio do Ceará", como Pio Valério. Foi 
livreiro, proprietário da Livraria Clássica. Escreveu,
 por muitos anos, no jornal católico "O Nordeste",
nos anos 1950 e 1960 assinando, então, J.J. Paiva. Por
vários anos publicou matérias na revista da Sociedade
São Vicente de Paulo.Líder católico, pertenceu às
Congregações Mariana, Franciscana e Vicentina,
permanecendo nelas... até se finar...

No mês de abril, do corrente ano, partindo do dia 15, publiquei sete matérias com as canções que mamãe mais gostava de cantar.
Hoje, revendo as letras das canções, resolvi iniciar uma série semelhante àquela, trazendo aqui, as canções (ou modinhas)
que meu pai mais gostava de cantar. Meu pai, como minha mãe, sempre embalaram com belas cantigas, durante toda a infância, os seus seis filhos, também depois da infância... muito além....até se ir, em 1977....Agora,vale recordar!
De todas as canções, lembro-me das letras e melodias. Como não possuo gravações, digitarei, as letras das canções. Nesta primeira, a "Nau Catarineta" (versão brasileira) e a "Nau Catrineta" ( em versão portuguesa) consegui vídeos, no YouTube. Com o intuito de complementar melhor, a postagem, publico os respectivos vídeos, após a letra da canção e as notas que se seguem...


NAU CATARINETA


Faz vinte e um anos e um dia
Que andamos n'ondas do mar
Botando sola de molho 
Para de noite jantar


A sola era tão dura
Que a não podemos tragar
Foi-se vendo pela sorte 
Quem se havia de matar  


Sobe sobe meu gajeiro
Meu gajeirinho real
Vê se vês terra de Espanha 
Areias de Portugal


Não vejo terras de Espanha
Areias de Portugal
Vejo sete espadas duas 
Todas para te marar


Arriba arriba gajeiro
Aquele tope real
Olha pra estrela do norte
Para poder nos guiar


Alvíssaras meu capitão
Alvíssaras meu general
Avisto terras de Espanha
Areias de Portugal


Também avistei três moças
Debaixo de um laranjal
Duas cozendo cetim
Outra calçando dedal


Todas três são minhas filhas
Ah! quem me dera  abraçar
A mais bonita de todas
É pra contigo casar


Eu não quero sua filha
Que lhe custou a criar
Quero a Nau Catarineta
Para nela Navegar


Tenho meu cavalo branco
Como não há outro igual
Eu dar-te-ei de presente
Para nele passear


Eu não quero seu cavalo
Que lhe custou a ensinar
Quero a Nau Catarineta
Para nela navegar


Tenho meu palácio nobre
Como não há outro assim
Com suas telhas de prata
Suas portas de marfim


Eu não quero seu palácio
Tão caro de edificar
Quero a Nau Catarineta
Para nela navegar


A Nau Catarineta amigo
É d'El-Rei de Portugal
Eu não serei mais ninguém
Se El-Rei te há de dar


Desce desce meu gajeiro
Meu gajeirinho real
Já viste terras de Espanha
Areias de Portugal


NOTAS:
1- Essa letra, era a que papai cantava. Lembro-me que, ao final do 3º verso, de cada quadra, acrescentava-se "oh! Tolina", repetindo-se, então, os dois últimos versos. Este refrão, facilitava o entoar da melodia de a Nau Catarineta, além de ficar mais "bonito" e mais "animado"'...o nosso cantar...Formávamos um "harmonioso coral",  (modéstia à parte), o pai com as três filhas . Os três meninos, mais velhos, raramente estavam presentes, à sessão de canto...
2- Nas pesquisas que fiz, na internet, encontrei várias versões, tanto de letras quanto de melodias(nos vídeos), da Nau Catarineta. Considerei importante, trazer a nota que exponho abaixo:
                                                                                 
 Nota de Luis da Câmara Cascudo, para a Nau Catarineta:   
Xácara portuguesa narrando as peripécias de uma longa travessia marítima, as calmarias que esgotaram os mantimentos, a sorte para sacrificar um dos tripulantes, a presença da tentação diabólica e a intervenção divina, levando a nau a bom porto. Publicou-a Almeida Garrett no seu Romanceiro e Cancioneiro Geral, Lisboa, 1843. Impossivel indicar o número de variantes em Portugal e no Brasil. No Romanceiro de Garrett é a XXVI, A Nau Catarineta. Muitos dos elementos sobrenaturais da xácara ocorrem nos romances El Marinero e Santa Catarina, divulgadíssimos na península ibérica e América espanhola, motivos da sedução demoníaca e da bondade divina. Houve realmente uma nau Catarineta que sofreu dolorosa jornada para Lisboa. Em 1666, os capuchinhos Michael Angelo de Gattina e Denis Carli de Piacenza, indo do Brasil para Portugal, encontraram calmarias no Equador e recordaram a tragédia do infellice vascello detto Catarineta (Mário de Andrade, A Nau Catarineta,, Revista do Arquivo Municipal. LXXIII, São Paulo, 1941; Renato Almeida, História da música brasileira, 211-216,ed. Briguiet, Rio de Janeiro,1942). É o documento mais antigo e revelador da historicidade do acontecimento. Transmitida oralmente, a xácara tem sido cantada initerruptamente por todo o Brasil, isolada,como em Portugal, ou reunida à jornadas de um auto tradicional, fandango ou marujada, taqualmente sucede com outras outras xácaras portuguesas, O  Capitão da armada, por exemplo, que também está no fandango;(Jaime Cortesão, O que o povo canta em Portugal, 142.Livros de Portugal, Rio de Janeiro, 1942).


Versão portuguesa, para a Nau Catrineta...


Versão brasileira, para a Nau Catarineta
                                                       
Assim, vimos a letra de a Nau Catarineta ,a que meu pai cantava, a nota de Câmara Cascudo e duas versões, em vídeo, uma portuguesa e outra brasileira, dentre as inúmeras versões existentes desta bela e sempre presente MARUJADA...
                                            ******
Já vou..................................................mas eu volto, um abraço!

terça-feira, 23 de agosto de 2011

SECA, de 1877 a 1879, em FORTALEZA....


Era VOZ CORRENTE: " A CACIMBA de Dona Mariquinha, não SECOU..."
Esta é uma das minhas bisavós paternas, Maria
Isabel de Paiva Oliveira. A outra minha bisavó,
era a mãe dela, Ana Joaquina de Castro Paiva,
que também era minha trisavó. ENTENDAM: 
Rosa,minha avó, filha de Maria Isabel casou-se com o tio,
José Joaquim,meu avô, irmão de Maria Isabel. Meu avô, foi genro
da própria irmã.Ana Joaquina era minha bisavó por ser mãe 
de meu avô e minha trisavó por ser mãe de minha bisavó...
A criança, no colo, é Jacinta, sua neta, filha de Manoel, aos
10 meses de idade. Manoel morreu aos 31 anos, de tuberculose...
Jacinta, foi freira franciscana, morreu aos 50 de idade, com tuberculose...
Muitos afirmaram que a SAGA não ACABARA...
É VERDADE...apenas, dei um "corte."..
A SAGA prossegue, com JOÃO e MARIA...que nem
"história de trancoso", contada pela vovó...
Mas essa é verdadeira, podem CRER !


Era uma vez...
...Maria Isabel de Castro Paiva, nome de solteira, que emigrou com 
a sua família para o Ceará  em 1843, vinda do Rio Grande do Norte após o assassinato do seu pai.Veio com a mãe e os irmãos,
com prováveis seis anos de idade...
Por volta de 1855 conheceu João Francisco de Oliveira, um açoreano, que chegara à Fortaleza a bordo do navio "Maria Carlota" que viera do porto da Ilha de São Miguel, no arquipélago dos Açores, juntamente com outros "mestres de ofício" que aqui chegaram para trabalhar, contratados que foram pela corte portuguesa, instalada no Brasil desde 1808, segundo conta a história...
Meu pai dizia que João Francisco, seu avô, trocara o sobrenome Pereira, de sua família, pelo de Oliveira, de seu padrinho
de batismo, conforme costume da época, se assim fosse o desejo do
do afilhado.
Pois bem, quando se conheceram, Maria  e João, este já
era viúvo e  trazia consigo duas filhas: Maria Virgínia e Joana, nascidas lá, na possessão portuguesa. Registro interessante, nos escritos de meu pai, é que o "Mestre João" (assim chamado, por ser "mestre de obras") trouxera, além das duas filhas, uma "urna mortuária" com os ossos de sua primeira esposa, Emília Rosa. Com ele teria vindo, também, seus irmãos, José Francisco, Antônio Francisco ,Tereza  e os seus pais: Jacinta Angélica e André Francisco Pereira.
Maria Virgínia, a filha mais velha, viria a ser mãe de um renomado músico cearense:Alberto Nepomuceno (1864-1920), que teria fama nacional e internacional. O Alberto , Maestro, era filho do também Maestro Victor Nepomuceno, filho adotivo de Antônio Raposo de Melo, marceneiro, também açoreano, primo de João
Francisco. Os dois insulanos, Antônio e João Francisco, estavam entre os 109 membros da Colônia Portuguesa da Cidade, conforme consta no livro de João Brígido, " A Fortaleza de 1845".
A outra filha, Joana, viria a ser mãe de Tereza, que se casaria com um seu tio, o poeta e romancista Manuel de Oliveira Paiva(1861-1892), que também  tornar-se-ia conhecido no cenário das letras alencarinas...e, de certa forma, brasileira...
João Francisco e Maria Isabel, tiveram oito filhos : Jacinta, Ana, Maria, Luiza, Isabel, Rosa , João e Manoel. As três primeiras, tornaram-se freiras (Irmãs de Caridade-Vicentinas); as três seguintes, escolheram o casamento; João, foi poeta e músico; Manoel romancista e poeta.Ambos participaram de vários movimentos literários da segunda metade do século XIX, na Fortaleza antiga...
Com as duas filhas do primeiro casamento de João, com mais os oito filhos ,somaram-se dez filhos, uma família muito numerosa  para um pobre homem sustentar condignamente.
Por esta razão, o mestre-de-obras tornou-se um homem de vários ofícios: agrimensor, entalhador, marceneiro, escultor, fotógrafo... Sabe-se, por se contar na família, que, antes de o "Mestre João"
vir para o Brasil, teria  pesquisado e estudado em Paris as técnicas de daguerreotipia (criada por Louis Daguerre, em 1837).
Foto de Louis Daguerre , o inventor da fotografia
em processo sem uma imagem negativa, denominada
daguerreotipia, criada em 1837..(Foto: Google)... 
                           

Não posso aqui me furtar de transcrever um pouco dos "escritos" de meu pai, quando ele se refere ao querido avô açoreano, mesmo sem tê-lo conhecido. Assim, escreveu meu pai:
"Certamente, da figura do modesto e paupérrimo João Francisco de Oliveira, a quem João Brígido, num artigo que não tenho em mãos, por tê-lo perdido, mas que foi publicado na edição de "O Unitário" há tempos, consagrada ao grande jornalista, deu o título de "Mestre de todos os ofícios", podemos dizer que era isso mesmo. Tudo ele tentou fazer, além do ganho do pão de cada dia. Chegou  a ser até medidor de terra, tendo falecido em 1871 em consequência de uma pneumonia contraída em Maranguape, quando alí foi medir umas terras. Suas tentativas em torno da fotografia tinham-lhe consumido a saúde e os recursos. No dia seguinte a de sua morte, minha avó saia da casa que ele mandara construir para residência.
Meu bisavô João Francisco de Oliveira, em auto-retrato,
em daguerreótipo. A placa de prata, com esta foto,
está no acervo da família. Bem preservada, para
as gerações futuras....

Nesta foto, temos o cruzamento da Av. Duque de Caxias,
com a Rua General Sampaio, m Fortaleza-CE, onde residia
  "Mestre João" e sua família.... Aí também,
funcionava a sua oficina de marcenaria e outros ofícios,
que garantia "o pão de cada dia"...
(Foto: Arquivo Nirez)

Estava hipotecada. Esta casa ainda existe, na esquina da Avenida Duque de Caxias, com a Rua General Sampaio, nº 1462. Para o lado da Duque de Caxias ficava a sua oficina (...).Sua vida, nos últimos anos afanosa, difícil, cheia de trabalho de artista pobre mas elevada pelo talento e pelas virtudes, ali teve seus derradeiros dias. era na velha estrada do Benfica, lugar naquele tempo denominado "Três Cajueiros". Mais de uma vez, entusiasmado com com as experiências de Banho de Prata, escrevia, num português característico:- "Agora, a agoa do Benfica acentada ou filtrada ataca pouco a prata: a agoa do Benfica não destroe a prata". Isso, era em outubro de 1869, segundo a posição de seu livro de notas".
Avenida principal do Benfica.  Daí vinha a "agoa" boa de que falava
o "Mestre João" que não "atacava a prata", nos seus trabalhos
com a fotografia. A casa onde ele morava, no centro de Fortaleza, na
Rua General Sampaio,  era o início desta via : a Estrada do Benfica...
(foto; Arquivo Nirez)

 Prosseguindo, meu pai ainda escreve: "Em fins de 1851, o Presidente Almeida Rego outorgava-o por Lei a conseguir em Pernambuco preços para várias grades de ferro, coroa e pavimento da velha Sé (...). Na Igreja da Prainha havia um grande órgão por ele fabricado antes de vir outro da Europa (...). em Canindé e Sobral trabalhou em igrejas.Construiu a capela do S.S. da Sé e em 30 de abril de 1860 contratava com o Governo da Província a capela  do Cemitério São João Batista, pela quantia 
de 2.873.$004. Na "Descrição da Cidade de Fortaleza",do douto historiador Antônio Bezerra, tudo isso e outros fatos se encontram relatados no que tange à capital".
 E mais: " O  mestre João foi também foi  pintor, quis também ser escultor, sem embargo do trabalho de obter o pão de cada dia para si e sua numerosa família. À noite, enquanto dormiam todos, certa feita esculpiu um belo Cristo Morto, de dimensão de 50 centímetros, em cuja superfície vemos riscos indeléveis não sabemos de que, lápis ou tinta, que futuramente teria de colorir. A morte o impediu de terminar o trabalho".
Ficando viúva, com a casa hipotecada, Maria Isabel, como relata meu pai, foi auxiliada pelos irmãos, mudando-se para outro bairro,
um sítio no Outeiro, à margem do riacho Pajeú, próximo ao Colégio da Imaculada Conceição, correspondendo, hoje, às ruas 25 de Março(antiga do Outeiro,Pajeú), Av. Dom Manoel(antiga
Boulevard da Conceição e Av. Dom Luis), Franklin Távora (antiga São Luis) e Pinto Madeira (antiga Travessa nº5, Rua do Córrego,da Cavalaria"). 
                                                                                                                                                                                                     
Esta foto, mostra a antiga Rua Pajeú(depois chamada Rua do 
Outeiro e atual Rua 25 de Março)...à esquerda, embaixo, ficava
o "Sítio Hospitalar" da Dona Mariquinha, tendo ao centro a 
"famosa" Cacimba...O sítio ficava no quarteirão correspondente
à lateral da antiga Escola Normal (Colégio Justiniano de Serpa, hoje).
Foto: Arquivo Nirez) 
Segundo relato de meu pai, em seus escritos, no centro do terreno, muito arborizado, havia uma cacimba, conhecida como "Dona Mariquinha", mesmo nome com que chamavam Dona Maria Isabel de Paiva Oliveira. Na frente do terreno, formou-se uma favela, durante os três anos da Grande Seca (1877, 1878, 1879).

Retirantes, flagelados, da  Grande Seca no Ceará nos anos de 1877
a 1879, em Fortaleza...Inúmeros, morreram de varíola...além da fome....
(Foto: google)
 Maria Isabel, a Dona Mariquinha, permitira que retirantes ocupassem abrigos sob as árvores.Nesta época, conta meu pai,passou a viver com a família Paiva Oliveira, uma órfã, vinda de Oeiras, Piauí:- "Luiza Carvalho de Oliveira que, anos depois, nos contava histórias de Trancoso a mim e minha saudosa irmã Carmelita e mostrava na Lua o Senhor São Jorge, com a espada, defendendo a jovem que o Dragão tentara arrebatar, mostrando ainda o Cavalo do Santo...(....). Era voz corrente que " a cacimba de D. Mariquinha não secou durante a Sêca, porquanto a água era de graça para todos" (...).


A cacimba dessa foto(do
google-Miranda)) não é a do "Sítio Hospitalar" de Dona Mariquinha. Recentemente f'ui, à Rua 25 de Março, na casa de nº 681, porquanto meu pai, em escritos datados de 1971, afirma que a referida cacimba  ficara lá, ao serem construidas casas, onde era o sítio.  Na época, 1971, a casa pertencia ao senhor Messias Gonçalves. Meu pai lá estivera e vira a "famosa" cacimba. Hoje, porém, lá funciona a Editora Folha do Ceará. Ao indagar sobre a cacimba, informaram-me que ela fora aterrada...
                              Fundo do quintal da casa nº 681 da Rua 25 de
                                            Março. Neste local, ficava a Cacimba da Dona
                                            Mariquinha, que resistiu, e existiu até1971...
                                      
Para não me "frustar", totalmente, fotografei o fundo do quintal
da casa 681da Rua 25 de Março....um" pedacinho", do que outrora
fora o Sítio Hospitalar de Dona Mariquinha, cuja cacimba não secou, na Grande Seca de 1877 a 1879:" a água, era de graça, para todos..."




                                           *******










Estou indo, ..............................................mas volto, um abraço!

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

BARCA À VELA, TRAZ "RICARDO REIS"....

DO: A Minha Travessa do Ferreira >Lisboa
AO: Da Cadeirinha de Arruar > Fortaleza


Esta foto, "salvei-a" do blog  A Minha Travessa do Ferreira , de meu
querido amigo Henrique ANTUNES FERREIRA, de uma postagem
do último mês de abril - vida vivida - um chinelo velho...(à pesca do bacalhau).


Agradecer, já não basta, há que se homenagear. Afinal de contas,
já recebi  3 verdadeiros mimos, em tempo recorde, em CONCURSO/PASSA-TEMPO, na TRAVESSA DO FERREIRA:

1º prêmio: 1 livro, "Eurico, o Presbítero", de Alexandre Herculano; 2ºprêmio: 1 CD, Portugal, com músicas e interpretações lindas;    
3º prêmio: 1 livro, "Prefiro Rosas, Meu Amor, à Pátria e outras Odes, de Ricardo Reis (i agora Fernando Pessoa - Ática)...

Vale dizer que, o 1º prêmio, um livro, foi ganho no mês
de maio  último e foi enviado, me parece, de avião, chegando,
às minhas mãos, em tempo razoável....Já o 2º prêmio, um CD, tudo indicou, foi-m enviado, por um "Pombo Correio", em junho, tal a demora em atravessar o Atlântico... Agora, pasmem: 
o 3º, ganho no mês de julho (sem brincadeira!), só pode ter vindo de 
"Barca à Vela"... aquele tipo de caravela, em que o nosso, vosso,
Pedro Álvares Cabral, chegou cá, em 1500, tal o tempo que levou
para fazer a travessia ... Lisboa - Fortaleza.....


Porém, independente, do meio de que o Ferreiramigo se utilizou, para
enviar os três maravilhosos pêmios aos quais fiz jus, ele merece uma
homenagem bem especial, nesta Cadeirinha de Arruar....aí vai>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>

  
>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>
Ferreiramigo, com um XÊRO
pra Kel e outro pra TU...
Obrigada, pela amizade...
Continue firme, após suas "vacâncias " em
Trás-os-Montes....

*******
Nota: esta homenagem, é extensiva  a todos
os amigos portugueses. Trazer a Barca Bela, de 
Almeida Garrett, deve agradar a"grego e troiano",
quanto mais... ao bravo e querido povo lusitano....!





Estou indo.....................mas eu volto...................um abraço!





quinta-feira, 11 de agosto de 2011

ATINGIDA, NO ÂMAGO....


VEJAM , a BELEZA que eu trouxe, do escribalista...de joaquim maria castanho...                         


                   NO BALANÇO DA LITEIRA


Assim, se houvesse alguma razão especial
Para ver que as crenças são fundamentais
Diria, sim, diria, neste rumar por rimas adentro
Na cadeira de arruar fazendo o balanço ao real
Que mais que sede há os pródigos murais
Que virtuais, neles mais te leio se me busco
E no contato brusco do instante me concentro...


Porque a principal fortaleza que na vida haverá
É a leda seda cujo fio o passado no futuro tem
Feito linha de entretecer o momento conforme está,
Momento conforme o desejo quer se o ser se atém
Que o documento só é momento que do passado vem,


Passo a passo como onda de luz que na areia se desfaz
Que isso de dançar sob o vai e vem cadente da História
É muito próximo de ser autêntico quando é ser capaz
De navegar pelas páginas dos pergaminhos da memória,


Que o breve é leve quando ao se prolongar se faz curto
Qual silêncio que entre notas de sílabas acesas nutro!



               
            

                                            *******
                                            
                                              


NOTA: Recebí, no último dia 08 de agosto, na minha postagem NO BAÚ DAS RELÍQUIAS, UMA LÁPIDE TUMULAR, um comentário,
em forma de poema, com o título NO BALANÇO DA LITEIRA, 
de joaquim maria castanho, do blog escribalista...Após a leitura, fui ao blog e constatei que se tratava de uma postagem do amigo,naquele mesmo dia 08. Hoje, transcrevo-o aqui, com algumas imperfeições técnicas ,minhas, com o  fim de mostrá-lo a todos os amigos do "meu universo blogueano"....


Minh'alma agradece, joaquim ...fiquei enternecida, amigo...












Eu já estou indo......................mas eu volto.....................um abraço!

























   







quarta-feira, 3 de agosto de 2011

NO BAÚ DAS RELÍQUIAS, UMA LÁPIDE TUMULAR...


(IN) SAGA DE UMA FAMÍLIA (VIII)
Em um baú, semelhante a este, que pertencera a Anna Joaquina
de Castro Paiva, minha bisavó/trisavó Donana, eram guardadas
as chamadas "relíquias" da família Paiva....
(Foto: mercado livre)

No "baú das relíquias", repousou, por muitos anos,  uma pedra de
mármore branca, escrita em tinta negra, que nunca se "tornou" 
tumular, de fato....
(Essa pedra, foi "feita" pelo Rodrigo Paiva, meu filho, no CP...)

Bem próximo à Igreja da Prainha (N. Sra. da Conceição), no bairro
Outeiro, durante muitas décadas, residiu o núcleo da famíla Paiva que
emigrou para o Ceará, por volta de 1843, passando pelos Inhamuns
(Cococi) vindo, definitivamente, viver em Fortaleza onde formou o seu Clã...
Possivelmente, neste mercado eram adquiridos os gêneros de primeiras
necessidades que alimentaram a família Paiva....Esse, era o principal 
mercado da época, no centro da cidade....O núcleo da família, residiu
sempre em bairros centrais de Fortaleza...
(Foto: Arquivo Nirez)





Primeira Catedral (Sé) de Fortaleza, que foi demolida em 1938
para a construção da catedral atual. O meu outro bisavô paterno,
João Francisco de Oliveira, açoreano, Mestre de vários ofícios,
construira alguns altares para essa Catedral, conforme consta
nos escritos de meu pai....
(Foto: Arquivo Nirez)

Bonde puxado a burro, em rua central da provinciana Fortaleza do
século XIX. Senhoras de vestidos brancos e chapéu, devido ao
intenso calor...
(Foto: Arquivo Nirez)


Chegada de passageiros, na Estação Central, em Fortaleza. Não sei precisar
se a família Paiva veio de trem, dos Inhamuns...quem sabe, desembarcaram aí...
(Foto: Arquivo Nirez)

Esquina da Rua Guilherme Rocha com Praça do Ferreira. Por aí
passava o bonde elétrico. A maioria dos homens andava de terno branco
e chapéu... (Foto: Arquivo Nirez) 

Praça do Ferreira, ainda com o quiosque central, que daria lugar
à Coluna da Hora.... (Foto: Arquivo Nirez)
Praça do Ferreira, já com a Coluna da Hora....a primeira....depois,
um prefeito qualquer mandou ir abaixo, para construir a atual....
(Foto:Arquivo Nirez)



Praia do Meireles, vendo-se ao longe o coqueiral da Praia de Iracema,
que não mais existe....para cada coqueiro construiram um edifício.....
é a Av. Beira-Mar de hoje....
(Foto: Arquivo Nirez)

Este é o Café do Comércio, que reunia os intelectuais do século XIX, em
plena Praça do Ferreira, centro da cidade....na chamada "Fortaleza Belle Époque"...
(Foto: Arquivo Nirez)

Rua 25 de Março, no "coração" do Outeiro...Ao longe vê-se a
torre da Igreja do Pequeno Grande. À extrema esquerda, correspondente
à igreja (anexa ao Colégio da Imaculada Conceição) ficava o sítio onde
morava a Família Paiva. O sítio ocupava todo o quarteirão da Rua 25 
Março, entre as  atuais Ruas Franklim Távora e Pinto Madeira...
(Foto: Arquivo Nirez)

Passeio Público, depois chamado de Praça dos Mártires. Lugar
frequentado, principalmente, pela chamada "elite fortalezense" na,
também chamada "Fortaleza Belle Époque"....tal a influência  
francesa, do século XIX para início do século XX...
(Foto: Arquivo Nirez).

Esta é uma foto célebre: o local é uma chácara, no bairro Benfica,
no sítio de propriedade do livreiro Gualter Silva,que costumava
reunir os intelectuais cearenses. O penúltimo, à direita, sentado
ao lado do senhor com um bandolim, é Manoel de Oliveira Paiva,
romancista, poeta, irmão de minha avó paterna, Rosa... neto, portanto,
de Anna Joaquina e Vicente Ferreira de Paiva.
(Foto: Arquivo Nirez)


Este vídeo, mostra um pouco da Fortaleza Antiga, no período denominado "Belle Époque"
pela grande influência sofrida pelos intelectuais  e "elite" da "alta sociedade" fortalezense...
Depois da série de fotos em preto e branco, da Fortaleza Antiga,
que foi o "refúgio da grei", no dizer de meu pai, publico este mapa
do Ceará, a cores, que apresenta os nomes dos estados brasileiros 
com os quais o Ceará faz limite(no sentido relógio): Rio Grande do Norte, 
Paraiba, Pernambuco e Piauí. Foi junto ao mar, em Fortaleza,
que as gerações seguintes foram dando prosseguimento ao
Clã Paiviano.....(Foto: google)

*******

Após chegar à Fortaleza, entre 1843 e 1844, meu tio-avô Antônio
Pereira de Brito Paiva, já formado para o magistério, com pouco
mais de 30 anos de idade, possivelmente, logo se estabeleceu...
Sendo seus parentes do Cococi, pessoas de posses e influentes na
sociedade cearense, imagina-se que foi oferecido um considerável apoio à família que passara momentos tão aflitivos. Tornando-se o
patriarca da família, em substituição ao pai assassinado, teria que
prover de sustento à madrasta, para ele considerada mãe, e aos irmãos menores, os quais deveriam frequentar uma escola.

De acordo com os escritos deixados por meu pai, e também pelas
longas conversas que eu mantinha com ele, o "tio Antônio", casou-se por volta de 1846, com Dona Ana Joaquina da Conceição, que era viúva (deste casamento tratei nas postagens Família Albano e Paiva, unidas misticamente II e II, no mês de fevereiro p.p.) Minha bisavó, Donana, cuidava dos três filhos. O outro enteado, Miguel, fora morar em outra cidade, já adulto que era e, certamente já independente. Assim, a vida ia transcorrendo normalmente. Um dado importante, imagina-se, é que a família deve vendido muitos 
de seus bens acumulados no Engenho Tamatanduba...

Quando eu menina, aí pelo início dos anos 1950, passei a me inteirar das histórias da família. Além dos móveis da casa, do
"pilão da bisa" (também há postagem, aqui, sobre ele), dos móveis,
lembro-me de dois baús : um, era retangular, escuro e com tachinhas douradas; o outro, de cedro, tinha tampa abaulada. No primeiro, eram guardados os lençóis, as toalhas de banho e mesa  e as redes de dormir (alvas e cheirosas); no segundo baú, de tampa abaulada, ficavam "arquivadas" as relíquias que quase nunca saiam de lá...

Certa vez, vi meu pai a retirar objetos do "baú das relíquias" e, surpresa, fiquei a observar o que ele segurava com as duas mãos:
era uma pedra mármore, branca com palavras em tinta negra.
Fiquei impressionada  porque, até então, só vira lápides no cemitério. A pedra de mármore, de acordo com a minha memória,
media 60 por 40 centímetros, mais ou menos. Perguntei a meu pai,
então, o porquê de duas datas... e se aquele J. J. Paiva, era ele...
Ele então respondeu-me que , 30 anos depois do assassinato do
pai, o filho José Joaquim de Paiva, seu pai, resolvera que iria à Tamatanduba colocar, aquela lápide, no túmulo de seu pai assassinado. Daí, as duas datas, inscritas na pedra de mármore.
Porém, os familiares o demoveram da ideia, com receio de outra desdita,disse-me. Provavelmente, meu avô e a família, não tiveram conhecimento do suicídio de Dendé Arcoverde, ocorrido em 1857,
15 anos antes da confecção da lápide tumular...Não haveria mais
perigo....,supõe-se, e meu avô teria ido levar a lápide...

Não conheci meu avô, pai de meu pai, de mesmo nome : José Joaquim. Ele faleceu em 1905, quando meu pai tinha 10 anos de idade. Meu pai contava, e está registrado em seus escritos, que ele
fora morar no Rio de Janeiro, ainda jovem, e lá casara com uma filha de italianos. Chamava-se Adelina Muzzio. Com ela, nasceram 10 filhos. Anos depois, trouxe toda a família para morar no Ceará.
Ficando viúvo, casou-se com uma sobrinha, Rosa, que seria a mãe de meu pai e de minha tia Carmelita. Quero supor, que esses segundos casamentos, com sobrinhas, tinham o "objetivo" de não "entregar" os
filhos (no caso de meu avô eram 10) às mãos de uma madrasta....
Sendo sua sobrinha, a esposa seria prima dos seus filhos...., ficariam "em família", portanto...

Voltemos, à lapide tumular...Lembro-me que, certo dia,  apareceu em nossa casa, nos anos 1960 (não sei precisar a data), um padre que era pároco da cidade de Aquiraz- CE, de nome Hélio Paiva. Ele era neto de um dos filhos do primeiro casamento de meu avô.  Portanto, esse  padre, era sobrinho- neto de meu pai e trineto de Vicente Ferreira de Paiva.  Soubera ele que meu pai tinha, em casa ,uma lápide tumular, que nunca fora afixada no túmulo de Vicente...
Tendo ele, Pe. Hélio, criado um museu sacro em Aquiraz,veio pedir, ao meu pai, que "doasse" ,ao recém criado museu, a lápide tumular referente ao assassinato de seu trisavô, Vicente Ferreira de Paiva.
Diante de um pedido assim, meu pai não se negou a atender ao seu pedido,  ficando mesmo sensibilizado e, de certa forma aliviado : a lápide, ao menos, sairia do baú e seria exposta. Mais ainda: no Museu Sacro de Aquiraz. Aquiraz, foi a primeira capital da, então,
Província do Ceará....

O tempo se passou. O Padre Hélio, deixou a batina, casou-se, tornou-se político, chegando a prefeito de Aquiraz. O Museu Sacro, continua funcionando, no município de Aquiraz. Quando passei a me interessar a fazer a pesquisa sobre
a família Paiva, ao voltar do Rio Grande do Norte, em 2007, fui visitar o Museu Sacro. A lápide tumular, já lá não se encontra. Fiz contato com  Hélio Paiva, indagando sobre a lápide. Segundo ele, deixou-a no museu por ele criado. Deduzi que "sumiu". Não me
dei por satisfeita. Há uns três anos, retornei ao museu, criado
pelo primo Hélio Paiva.No museu ,encontrei uma funcionária que 
trabalha lá há mais de 30 anos, conforme disse-me. Ingadaguei-lhe sobre a lápide tumular. Ela respondeu-me que nunca vira essa
pedra descrita por mim. Ao despedir-me dela informou-me que era
comadre de Hélio. Acrescentou, ao final, que o compadre Hélio
possui, em sua casa, um grande acervo de peças de museu...

 Confesso, que fico a "sonhar", de vez por outra que, aquela lápide
tumular, faz parte do acervo que o trineto de Vicente Ferreira de
Paiva, o ex-padre Hélio Paiva, possui em sua casa...

A lápide tumular, tenho-a apenas na memória. Foi a partir da
minha memória, passada para o papel, que meu filho "montou",
a que ilustra este último capítulo de SAGA DE UMA FAMÍLIA.
Mas, sinceramente, gostaria de rever a lápide original....
Quem sabe, um dia, se o IPHAN recuperar a capelinha do Engenho Tamatanduba  eu consiga afixá-la em uma de suas paredes....Aqui, faço uma "súplica" ao Hélio Paiva: 

- "Primo, ajude-me a encontrar a Lápide Tumular, para que
possamos, um dia, colocá-la no túmulo de nosso avoengo...!" 

*******

NOTA: Aqui, dou por encerrada a série 
"SAGA DE UMA FAMÍLIA".
A partir da próxima postagem, continuarei a narrar fatos
ligados à minha família e a mostrar objetos de "meu acervo museológico" real, ou dos que estão no "baú" da minha memória...

******* 








Estou indo, mas  volto........................................um abraço!