quarta-feira, 25 de abril de 2012

O NORDESTE - SEGUNDA-FEIRA , 05 DE MAIO DE 1952

MANOEL DE OLIVEIRA PAIVA (II)
Sua origem paterna                      J. Paiva
Velha Sé, de Fortaleza-CE, demolida em 1938. Nela, João Francisco de Oliveira
construiu tribunas, coros,altares, por exímio artista que era.  (Foto: Arquivo Nirez).

Como êle se comprazia em recordar certamente suas imagens de devoção nas páginas de "Dona Guidinha do Poço", embora talvez com espírito de imitação, olhasse com um tanto de respeitosa ironia, que não era descrença, alguma falsa idéia que o fanatismo ou a ignorância alimentasse com êsses objetivos de culto externo necessário e salutar! Como tudo isso, até mesmo a interpretação que se tem procurado dar a certos incidentes do romance me faz perpassar por minha imaginação, por minha sensibilidade religiosa nunca diminuída, graças a Deus, a saudade tão potuguesa e tão católica.

João Francisco de Oliveira (alíás Pereira, nome por êle só mudado pelo costume de usar o nome de família dos padrinhos) era natural da Ilha de São Miguel (Açores), filho de André Pereira e Jacinta Angélica Pereira. 
Marceneiro de profissão para ganhar a vida, as viuvas pobres que o conheciam em Fortaleza colocavam em sua modesta oficina um filho menor para a aprendizagem, e êle não se contentava em ensinar-lhe a arte gratuitamente, pois aos sábados entregava ao aprendiz parte de sua féria da semana, para que mãe e filho pudessem sobreviver...
Em fins de 1851, o Presidente Almeida Rêgo autorizava-o por Lei a conseguir em pernambuco grades de ferro para tribunas, para tribunas, coros e pavimento da velha Sé demolida.
Igreja e Seminário da Prainha, vista no ângulo das atuais Av. Dom Manuel
e  Rua Monsenhor Tabosa. (Foto: Arquivo Nirez)
Seminário da Prainha, vendo-se a atual Rua Mons. Tabosa ainda sem
calçamento e, na ponta à esquerda a Igreja Nossa Senhora da Conceição,
também conhecida por Igreja da Prainha. (Foto: Arquivo Nirez)
Na igreja da Prainha havia um grande órgão por êle fabricado, antes de vir outro da Europa. Em nossa casa havia gaitas de todos os tamanhos, dentro das quais modulara as diversas notas musicais, gravando com uma tinta indelével cada uma dessas notas. Ainda possuimos umas duas dessas gaitas. Restam também páginas com plantas de altares da Prainha, por êle construídos. 
Igreja de São Francisco das Chagas - CANINDÉ-CE ( hoje, Basílica)(Foto : Google)
Igreja Matriz de Sobral ( Catedral/Sé) (Igreja N. S. da Conceição) SOBRAL-CE (Foto: Google)
Cemitério São João Batista , cuja capela ( a central, maior), em
 formato octogonal, foi projetada e construída pelo Mestre João
Francisco de Oliveira. (Foto: site da Santa Casa da Misericórdia)
Em Canindé e Sobral trabalhou em igrejas. Construiu a capela do S.S. da Sé; e em 30 de abril de 1865 contratava com o Govêrno da
Província a construção da capela do Cemitério São João Batista pela quantia de 2.837$094. Na "Descrição da Cidade de Fortaleza", do douto historiador Antônio Bezerra tudo isso e outros fatos se encontram relatados no que tange à capital.

Também João Francisco de Oliveira foi fotógrafo. Escritos com tinta de cor, umas fixas, outras quase a desaparecer, às vezes com lápis, centenas de notas de suas pacientes e certamente caras caras experiências enchem um livro que tenho conservado.. Vai de 18 de julho de 1865 a 29 de junho de 1870. Acertando uma fórmula químico-fotográfica, nesta última data, êle dava esta nota particular, que para êle devia ser muito preciosa, com um "Glória a Deus". No mesmo livro, talvez escrito muitos anos depois, Manoel de Oliveira Paiva encheu 4 páginas com umas noções de Gramática Portuguesa, que não terminou e, em dezenas de outras páginas, uma de suas irmãs copiou vários cânticos religiosos que todos cantavam nos exercícios do Mês de Maria e outros. Estas notas servem para a crítica de "Dona Guidinha do Poço", onde há referências a cânticos religiosos.
Esse era pois, meu avô, pai de Manoel de Oliveira Paiva, português cujo talento, aliado ao amor ao trabalho, à pobreza, à honestidade que ia até o escrúpulo e o sacrifício, à dedicação à família e à vida religiosa, quase de um professo, não sei como possa louvar.
De sua primeira mulher, Emília Rosa de Oliveira, conheci a filha, Joana, a tia Joaninha, mãe de Tereza Botelho, que seria esposa de Manoel de Oliveira Paiva. Além dela houve Maria Virgínia, que casou com o Maestro Vitor Nepomuceno, filho adotivo Antônio Raposo, sendo Antonio Raposo primo de meu avô.
Certamente da figura do modesto e paupérrimo João Francisco de Oliveira, a quem João Brígido num artigo que não tenho em mão por tê-lo perdido, mas que foi publicado na edição do "O Unitário" há tempos consagrada ao grande jornalista, deu o título de"Mestre de todo ofício", podemos dizer que foi isso mesmo. Tudo êle tentou fazer, além do ganho do pão de cada dia. Chegou até a ser medidor de terra, tendo falecido em 1871 em consequência de uma pneumonia contraída em Maranguape, quando alí fora medir umas terras. Suas tentativas em torno da Fotografia tinham-lhe consumido a saude e os recursos. No êle mandar dia seguinte ao de sua morte, minha avó saía de sua casa que êle mandara construir para residência. Estava hipotecada. Essa casa ainda existe, na esquina da Avenida Duque de Caxias com a rua General Sampaio n. 1462.
Para o lado da Avenida Duque de Caxias ficava sua oficina, dependente dependente da casa da família, e ali hoje se acha o pôsto de automóveis Hudson. Sua vida, nos últimos anos, afanosa, difícil, cheia de trabalhos de artista pobre, mas elevada pelo talento e pelas virtudes, ali teve seus derradeiros dias. Era na velha estrada do Benfica, lugar naquêle tempo  denominado "Três Cajueiros". Mais de uma vez, entusiasmado com as experiência de Banho de Prata, escrevia num português característico: 
"Agoa - Agoa do Benfica acentada ou filtrada ataca pouco a prata.; A agoa do Benfica não destroi a prata".
Isso era entre outubro e novembro de 1869, segundo a posição em seu livro de notas.
(Por J. Paiva)                                                                                                    (...continua...)


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NOTAS:
1- As fotos que ilustram essa postagem, não constaram da biografia de Manoel de Oliveira Paiva publicada no jornal "O NORDESTE", em 1952. Achei por bem trazê-las aqui, para que os leitores tivessem um ideia do porte das igrejas em que João Francisco do Oliveira empregara seu ofício.
2- Mantive a escrita de J. Paiva, o autor do escrito, na íntegra e com a ortografia da época.

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Na próxima semana, trarei o capítulo III.
Até lá! Meu carinho, num abraço, a todos...

56 comentários:

  1. Lucia Lindo texto e lindas fotos do seminário e das igrejas muitos lindas apesar de serem a preto e branco.
    Beijos
    Santa Cruz

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    1. Santa Cruz, disponho de fotos coloridas, exceto a da Sé demolida. Entretanto optei por ilustrar com as fotos em preto e branco, considerando mais adequada à época.

      Obrigada, por ter vindo.
      Beijos,
      da Lúcia

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  2. Olá Lúcia...
    Mais uma vez, o texto está explêndido e as fotos são muito bonitas e na verdade mostram-nos bem a beleza dessas igrejas....
    Desejo-lhe a continuação de uma óptima semana e cá fico à espera de mais "memórias".......
    Beijinhos
    Albertina

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    1. Obrigada, pelo escritor. Pema foi a demolição da antiga Sé de Fortaleza. Só umas 3 décadas depois a nova Sé ficou pronta.Costumamos dizer: demoliram a Sé portuguesa, para construírem uma Sé uma francesa.
      Obrigada, volte sempre.
      Beijinhos,
      da Lúcia

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  3. Lúcia, Querida

    Estás a fazer a História. Um texto para coligir e, eventualmente, completar outras narrativas da época.

    Beijos

    SOL
    http://acordarsonhando.blogspot.pt/

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    1. Enquanto você poetiza lindamente, Querido SOL, eu vou contando e, ou, fazendo História...

      Beijos,
      da Lúcia

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  4. ótimo resgate não só sentimental e familiar mas também histórico pois é resultante de um trabalho bastante interessante de pesquisa.Pode resultar num trabalho acadêmico.Já pensou nisso? Um abraço

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    1. Gosto desse resgate, herdei de meu pai. Penso sim, em enveredar por um trabalho acadêmico, só não sei se terei "fôlego". Quem sabe?. Tenho encontrado muitas dissertações e teses sobre a obra de Oliveira Paiva. Faria sobre a sua vida e obra, à luz da família.

      Obrigada, amiga!
      Um abraço.

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  5. Querida Lúcia
    Mais um excelente episódio da sua história familiar.
    As fotos são bem ilustrativas da beleza dos edifícios.
    Agora preciso ir aí junto de vc, para conhecer essa igrejinha octogonal :)))
    Obrigada por mais esta preciosa parilha.

    Beijinhos

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    1. Mariazita querida, obrigada. As edificações são lindas, bem à moda portuguesa. A Sé demolida, portuguesíssima, foi substituida, 30 anos depois, por uma Catedral afrancesada, "inspirada" em Notre Dame, de Paris.

      Venha à Fortaleza. Levarei você para ver a igreja octogonal.

      Beijinhos

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  6. Seus textos nos encantam. Fotos do passado sempre tocam o meu
    coração.
    Beijos.

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    1. Élys, amigo, muito lhe agradeço. Também sou tocada no coração, por fotos assim, antigas.

      Beijos

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  7. Memórias assim são sempre de preservar, até porque as perspectivas de futuro só fazem sentido com as lições do passado.
    Lúcia, é muito bom navegar por esta cadeirinha!

    Beijo :)

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    1. Penso como você, o passado sedimenta o futuro, principalmente em termos de família, passando as lições às novas gerações.
      Venha sempre navegar nessa cadeirinha,o prazer é imenso, AC.

      Beijo, amigo,
      da Lúcia

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  8. Vida, histórias e registros - riqueza inestimável!
    Beijo da Célia.

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    1. É mesmo inestimável, o que trazemos e levamos à família.
      É o que mais dá sentido à nossa existência.
      Obrigada, Célia querida.
      Um beijo,
      da Lúcia

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  9. Lúcia querida,

    A beleza destas fotos está justamente por serem em preto e branco,no meu modesto ponto de vista.

    Mais uma bela narrativa,de uma riqueza de detalhes espantosa...as pessoas daquela época gostavam de paragrafos grandes.
    Este hábito aí descrito de ensinar o ofício às crianças,eu o encontrei em uma cidadezinha onde residi,no interior de Minas.Era uma ótima forma de não se deixar as crianças ao Deus dará...hoje não se pode mais fazer isto e as crianças,sem o que fazer,caem nas armadilhas das drogas.

    Na semana que vem aqui estarei.Aguardo com ansiedade.
    Já publiquei mais Memórias de Menina...

    Bjsssss e muito carinho,
    Leninha

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    1. Se o seu entender é "modesto", Leninha, o meu também é.
      Nessa postagem, não "ficaria bem" fotos coloridas. A não ser que eu não dispusesse das fotos P&B...
      Muito raramente, se encontram pessoas ensinando os seu ofícios, gratuitamente à crianças. Os hábitos, são bem outros, infelizmente,hoje em dia.

      Volte amiga, para o capítulo III. Vou já lá, no Sonhos e Encanto, ler "mais Memórias de Menina...."

      Carinhoso abraço, com beijinhos,
      da Lúcia

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  10. Olá!
    Gosto muito daquilo que postas,é uma leitura muito interessante.
    Grande abraço
    se cuida

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    1. Olá! Obrigada, pelas gentis palavras.
      Me cuido bem! Você, se cuide!

      Um forte abraço,
      da Lúcia

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  11. Cada vez, parece, te superas!Lindo tudo e fotos magníficas! beijos,boa noite,chica

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    1. Tento fazer e trazer o melhor, querida chica. Gosto muito, de fotos preto e branco. Para aquela época, então,no ilustrar, "combina" mais, acho!
      Beijos,
      da Lúcia

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  12. Oi Lúcia,

    Naqueles tempos a arte da fotografia exigia muito de que a ela se dedicasse, pois não se resumia apenas em fotografar, mas também em revelar as fotos, um trabalho minuncioso, em quarto escuro, misturando soluções (um ensaio de química aplicada), marcando o tempo para chegar ao tom certo.
    Ah! Este Oliveira Paiva era dono de uma alma inquieta, ávida de saber...
    Xêros.

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    1. Era todo um ritual, a arte fotográfica. A gente ficava ansiosa, para ver o resultado. Quanta diferença, hoje!
      Fico a imaginar, se Oliveira Paiva tivesse vivido mais, com a sua inquietude, bem observada por você, amiga Estela...

      Xêros!

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  13. Adooro foto em preto e branco.

    Suas postagens deixam sempre
    gosto de vida de verdade...
    com cheiros, gostos, emoçao.

    Beijo

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    1. Também adoro, Margoh, foto em preto e branco.
      Tudo que está aí, é vida vivida!
      Obrigada,beijos,
      da Lúcia

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  14. Nice blog and I love it, I already follow this blog on 230 numbers
    Please follow my friend back on the blog, and please comment also suport friend
    thank you

    http://penyuluhpi.blogspot.com/2012/04/ternyata-kotoran-sapi-bisa-dijadikan.html

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    1. Obrigada. Estive, há pouco no seu blog.
      A Indonésia, me encanta...Deixei meu comentário.
      Um abraço.

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  15. Oi Lúcia,

    Vejo que temos interesses em comum, é muito bom compartilhar as memórias da família e da cultura.

    Um grande abraço,
    Raul

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    1. Temos sim, interesses em comum, Raul, principalmente por essa importante razão vamos compartilhar nossas memórias, genealógicas e culturais.

      forte abraço,
      da lúcia

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  16. Lucinha irmã:
    Ainda não tive coragem para ler ou, responder.
    Morreu Miguel Portas, político, filho, pai irrepreensível.
    A mãe, a Grande Senhora, que é Helena Sacadura Cabral, tem-me ocupado o pensamento. Estou triste por ela, por ele.
    Logo que acalme, vou ler tudo, com a maior atenção e interesse, como sempre. Até lá, desculpa tua amiga.
    Beijinhos da irmã muito triste
    Maria

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    1. Eu soube,minha irmã e muito lamentei. De certa forma acompanho, como posso, a vida política e cultural dos bons, e também dos maus, homens e mulheres públicos.
      Imagino, como você esteja, Maria triste e querida.

      Beijinhos, da irmã, solidária também na dor,
      Lúcia

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  17. Minha querida amiga Lúcia,
    Me espanta esta história tão rica de família, tão dotada.
    Há um misti de bondade, de ternura, de cumpicidade, de cultura verdadeiramente impressionantes! E tu, querida amiga, consegues documentrar-te de tal forma que faz inveja a muito historiador...penso!
    Linda, lindo este teu partilhar gostoso demais!
    Obrigada pelas tuas palavras. Se estivesses perto convidava-te para declamar com as tuas colegas de teatro do Porto...
    Seria uma delícia!
    Um grade e terno abraço!

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    1. Manu, amiga querida, obrigada, por palavras tão gentis...Acredito que os bons sentimentos, a harmonia em família, mesmo com as adversidades, fazem brotar os talentos. Ser guardiã de tantos fatos vivenciados por meus familiares, por gerações, me impulsionam a revelá-los, pelos significados que eles têm, para a historiagrafia da nossa terra.
      Já disse a você que já estive no Porto, por duas vezes...aceitaria de bom grado, o seu convite. Obrigada! Seria uma delícia!
      Beijinhos, com carinho,
      da Lúcia

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  18. Minha querida amiga

    João Francisco Oliveira, 'Mestre de todo o ofício', foi na verdade um homem extraordinário, esforçado, tentando tudo, não se dando nunca por satisfeito, sempre à descoberta de novos mundos. Sinto-me apaixonada por almas como a dele que, em outro tempo e outro lugar, à medida que progredia fazia também avançar o mundo. Marcenaria, instrumentos musicais, fotografia... um homem de talento.

    Amiga Lúcia, adorei mais este relato. Gostei imenso de ver as construções da época, fazendo-nos viajar no tempo.

    Um excelente domingo.

    Beijinhos

    Olinda

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    1. Olinda querida, era isso mesmo, dizia meu pai. Houve quem dissesse que Mestre João Francisco era meio "amalucado"...também acredito, pelo leque de ofícios que desenvolvia, para manter a família. Sou "fã" do meu bisavô. Gostaria, de tê-lo conhecido pessoalmente...

      Obrigada, minha amiga Olinda, por tão carinhosas palavras.
      Boa, produtiva semana,
      Beijinhos,
      da Lúcia

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  19. Naquele tempo era preciso ser-se "amalucado" pois as dificuldades eram imensas e havia que ter imaginação para se conseguir manter a família. O meu pai, por exemplo tinha um táxi, vendia-se gás em garrafa em minha casa e a minha mãe é que transportava as botijas numa bicicleta a casa dos clientes; além disso, por baixo da casa havia uma oficina de bicicletas e, no tempo que lhe sobrava, o meu pai ainda ia arranjar motores de rega aos campos dos lavradores. Era habilidoso e para dar uma vida decente à família tinha que fazer de um tudo; num pedaço de quintal que tinhamos o meu pai arranjou uma cobertura e alugou a um ferreiro que ali fazia e arranjava as ferramentas necessárias para a agricultura e não só. A minha mãe tricotava blusas grossas de lã de ovelha para vender e meias também. Ainda me lembro também de pessoas muito pobres da minha aldeia irem para casa do meu avô onde havia um sapateiro e lá aprendiam a arte de arranjar sapatos, só a troco da malga do caldo ( tigela de sopa). Era assim a vida nas aldeias onde nasci e onde hoje, felizmente, a miséria, mesmo com a crise, não existe. Hoje todos se queixam, pois o mundo anda muito preocupado com as finanças, mas naqueles velhos tempos as coisas eram bem piores. Um beijinho, Lucia e obrigada pela partilha. Como sempre adorei, pois há muitas semelhanças com o nosso Portugal de antigamente e até os nomes são os mesmos.Parabéns pelo teu trabalho! Fica bem e espero que tenhas uma bela semana
    Emília

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    1. Ainda bem, que não era só o João Francisco! Fico pasma, quando comparo a vida de ontem com a de hoje. Há pessoas que reclamam de "barriga cheia". O exemplo de meu bisavô, de seu pai e de milhares, comprovam isso. Mais, nessas famílias, a mulher também eram heroínas, faziam milagres.
      Você tem muita história para contar, amiga, bem que poderia compartilhar esses exemplos de vida, aqui neste mundo tão carente de belas e verdadeira histórias.
      As semelhanças são inúmeras, entre Brasil e Portugal, em tudo. Os filhos herdam, não poderia ser diferente.

      Obrigada, querida Emília, por tão carinhosas e incentivadoras palavras.

      Que a semana lhe seja pródiga. Beijinhos,
      da Lúcia

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  20. Olá Lúcia,

    Venho agradecer as amáveis palavras que deixou no meu cantinho verde na altura da minha "despedida" bloguista. Lamento a ter decepcionada mas precisava mesmo de fazer isso e saiba que estou feliz por ter tido a coragem de tomar esta decisão, que não foi fácil de tomar !
    Foi sempre com prazer que lia as histórias da sua família, sempre muito bem descritas e bem documentadas.
    Também lhe desejo muitas felicidades e acho que nas minhas raras visitas a alguns amigos da blogosfera, vou vê-la com muito carinho, aliás já tem acontecido no blog da Maria...

    Muitos beijinhos, querida Lúcia, você foi sempre um doce !

    Verdinha

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    1. Verdinha, minha querida, jamais me decepcionaria com uma pessoa tão digna de admiração e carinho quanto você. A palavra certa é "tristeza", por não mais ter as suas extraordinárias matérias, tão ricas cultura e bons sentimentos.Sua saída, desse nosso mundinho, provocou grande lacuna que jamais será preenchida.

      Obrigada, amiga. Sempre que desejar falar comigo, venha e "sente-se" na Cadeirinha de Arruar. Vindo ao Brasil, já sabe como me encontrar: é dizer:- "estou chegando"!

      Carinhoso abraço e muitos beijinhos,
      da Lúcia

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  21. Minha querida Lucinha:
    Até que enfim, tive tempo para dar a atenção devida, a este belo texto.
    Meu Deus, irmã! O Camilo, com personagens tão numerosas e cheias de interesse, em vez de 200+ou- volumes, teria escrito 2000.
    Histórias cheias de interesse, de romantismo, de lembranças dos tempos idos.
    Cada vez gosto mais delas. Por vezes, penso estar a ler, "O Tempo e o Vento" de Veríssimo,passado no Ceará.
    Beijinhos, minha maninha brasileira.
    Maria

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    1. Você voltou, mana querida. Sempre muito amável!
      Papai nos apresentou Camilo muito cedo, daí tantas afinidades, tantas influências sofridas, nesse lado de cá. Há tanta semelhança em tudo!.
      Ontem, nas minhas eternas pesquisas, descobri que meu bisavô insulano, chegou ao Brasil a bordo do brigue português Maria Carlota no dia 7 de novembro de 1837, com mais de 150 açorianos, das várias ilhas, contratados pelo Presidente da Província...Ainda há muito a pesquisar e a contar, o que eu adoro, irmãzinha... É, faz lembrar o formidável Veríssimo.
      Obrigada, minha querida Maria.
      Beijinhos, irmã,
      da Lúcia

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  22. Lúcia, amiga;

    É sempre um deleite sentar na Cadeirinha e aos poucos sorver tuas histórias e lembranças. É como sentar à sombra de um galpão imaginário da infância distante e matear (tomar chimarrão) ouvindo as vozes da noite que se aproxima.

    Concordo com o que disseram alguns dos comentadores que me antecederam: é matéria para um trabalho acadêmico, não só pela história de uma família, mas pela própria história do Ceará, do Norte/Nordeste e do próprio Brasil.

    Que tua semana seja abençoada.

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    1. Clóvis, estava com saudade de ver essa figura tão querida, do Quasímodo! Bom, você ter vindo. Suas palavras é que são deleite, tal a gentileza nelas. Continue a sentar-se na cadeirinha e vamos "matear"...
      Já pensei muito, em desenvolver um trabalho acadêmico, mas falta-me coragem, neste outono da vida.

      Obrigada, por tudo.
      Um forte abraço, amigo querido.

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  23. Parabéns pelas postagens importantes da saga de uma família! Tanto que no livro mais vendido no mundo, que é a Bíblia, há várias árvores genealógicas. Muito bacana! Meu cunhado levantou até os brasões da família Rezende de Castro sendo Castro até Inês de Castro de Portugal, passando até por El Cid. Parabéns! Grande abraço!

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    1. Obrigada, Maria Luíza. Considero mesmo importante, essa saga. É, a Bíblia, é nosso primeiro modelo de genealogia. Você deve ter visto, em alguma postagem que tenho Castro, em minha ascendência.

      Um forte abraço,
      da lúcia

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  24. Mestre de todo o ofício, Cá costumamos dizer "Pau para toda a obra". Naqueles tempos era assim mesmo. As pessoas faziam aquilo que tinham necessidade de fazer e faziam-no com tal brio que parecia que nisso se tinham especializado.
    Um abraço

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    1. Oi, Elvira, só hoje vi esse seu comentário.
      Aqui, no Brasil, também se diz: "Pau para toda obra"...as duas se equivalem, não e?...Era isso mesmo, a necessidade fazia do homem especialista em vários "instrumentos". Também há a expressão: "homem dos 7 instrumentos"...
      Um abraço.

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  25. Lucia, seu blog é uma Enciclopédia! Peguei o nome das igrejas e coloquei no Google para ver detalhes por dentro.
    Parabéns pelo seu lindo trabalho, o povo desta terra deve só agradecer...

    beijo grande.

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  26. Só hoje, vi seu comentário, Taís. Obrigada, pela sua presença e elogios. Temos belas igrejas, mas o google mostra pouco a parte interna.
    Um beijo,
    da Lúcia

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  27. Então a Lúcia tem uma costela açoriana? Que bela mistura de genes. E já conhece o arquipélago?
    Abraço, vou acompanhando as suas postagens mais informais no Facebook.
    beijinho com saudades
    Ruthia d'O Berço do Mundo

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  28. Prezada Professora Lúcia,
    Antes de mais nada quero parabenizar pela forma clara como expõe as fontes em seu blog.
    Chamo-me Herbert Rocha. Sou arquiteto e pesquisador da história urbana de Sobral do Século XIX.
    Estou perseguindo uma pista sobre um técnico chamado João Francisco de Oliveira que, possivelmente, poderia tratar-se de seu antepassado ou simplesmente de um homônimo.
    A pista que tenho foi extraída de duas atas da Câmara Municipal de Sobral de 1858 e 1860, as quais tentei envia-las mas nõa consegui faze-lo pelo email divulgado no blog.
    Por favor entre em contato pelo email: thau.inta@gmail.com.
    Desde já agradeço pelas informações do seu blog.

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